Mishneh Torah, Sefer HaMadá, Transmissão da Torá Oral, Tradução de Alberto Bentzion

אָז לֹא אֵבוֹשׁ, בְּהַבִּיטִי אֶל כָּל מִצְו‍ֹתֶיךָ:
כָּל הַמִּצְווֹת שֶׁנִּתְּנוּ לוֹ לְמֹשֶׁה בְּסִינַי – בְּפֵרוּשָׁן נִתְּנוּ, שֶׁנֶּאֱמָר "וְאֶתְּנָה לְךָ אֶת־לֻחֹת הָאֶבֶן, וְהַתּוֹרָה וְהַמִּצְוָה" (שמות כד, יב): "תּוֹרָה", זוֹ תּוֹרָה שֶׁבִּכְתָב; וּ"מִצְוָה", זֶה פֵּרוּשָׁהּ. וְצִוָּנוּ לַעֲשׂוֹת הַתּוֹרָה, עַל פִּי הַמִּצְוָה. וּמִצְוָה זוֹ, הִיא הַנִּקְרֵאת תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה.

E não serei envergonhado, quando contemplar estas tuas Mitzvot:

[Tehilim 119:6]

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Todos os Mandamentos dados a Moshe (moisés) no Sinai, foram dados com sua respectiva explicação, como está escrito: “E lhe darei a tábua (bloco) de pedra – a Torá e o Mandamento...” (Shemot 24:12) “A Torá é uma expressão que se refere a Torá que está Escrita. E a expressão “Mandamento” se refere a Explicação. E Ele HaShem, a Divindade nos ordenou cumprir a Toráde acordocom o Mandamento. i.e. praticar o texto de acordo com o que foi explicado sobre o texto. E este “mandamento” é o que intitulamos de Torá Oral.

כָּל הַתּוֹרָה – כְּתָבָהּ מֹשֶׁה רַבֵּנוּ קֹדֶם שֶׁיָּמוּת, בִּכְתָב יָדוֹ. וְנָתַן סֵפֶר לְכָל שֵׁבֶט וְשֵׁבֶט; וְסֵפֶר אֶחָד – נְתָנָהוּ בָּאָרוֹן לְעֵד, שֶׁנֶּאֱמָר "לָקֹחַ, אֵת סֵפֶר הַתּוֹרָה הַזֶּה, וְשַׂמְתֶּם אֹתוֹ, מִצַּד אֲרוֹן בְּרִית־ה' אֱלֹהֵיכֶם; וְהָיָה־שָׁם בְּךָ, לְעֵד" (דברים לא, כו).

Toda a Torá foi escrita de próprio punho, por nosso mestre Moshe até sua morte. Ele deu um pergaminho da Torá para cada uma das tribos de Israel. E um pergaminho o primeiro foi colocado na Arca, como testemunho da integridade do texto; como está escrito: Tome este pergaminho da Torá e o coloque ao lado da Arca da Aliança de HaShem vosso Elohim, como uma testemunha contra vocês... [Devarim 31:26]

וְהַמִּצְוָה, שְׁהִיא פֵּרוּשׁ הַתּוֹרָה – לֹא כְתָבָהּ; אֵלָא צִוָּה בָּהּ לַזְּקֵנִים וְלִיהוֹשׁוּעַ וְלִשְׁאָר כָּל יִשְׂרָאֵל, שֶׁנֶּאֱמָר "אֵת כָּל־הַדָּבָר, אֲשֶׁר אָנֹכִי מְצַוֶּה אֶתְכֶם – אֹתוֹ תִשְׁמְרוּ, לַעֲשׂוֹת . . ." (דברים יג, א). וּמִפְּנֵי זֶה נִקְרֵאת תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה.

E o que se refere por meio da expressão “Mandamento”, que é a explicação da Torá, ele [Moshe] não registrou em sua época. Mas em vez disso ordenou [i.e. ensinou diretamente] aos Anciãos de Israel, a Iehoshua (josué) e ao restante de Israel, como está escrito: E toda esta palavra, que eu lhes ordeno; esta mesma vocês devem observar e guardar para fazer... (Devarim 13:1). Este é o motivo de chamarmos a explicação da Torá de Torá Oral.

אַף עַל פִּי שֶׁלֹּא נִכְתְּבָה תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה, לִמְּדָהּ מֹשֶׁה רַבֵּנוּ כֻּלָּהּ בְּבֵית דִּינוֹ לְשִׁבְעִים זְקֵנִים; וְאֶלְעָזָר וּפִינְחָס וִיהוֹשׁוּעַ, שְׁלָשְׁתָּן קִבְּלוּ מִמֹּשֶׁה. וְלִיהוֹשׁוּעַ שְׁהוּא תַּלְמִידוֹ שֶׁלְּמֹשֶׁה רַבֵּנוּ, מָסַר תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה וְצִוָּהוּ עָלֶיהָ; וְכֵן יְהוֹשׁוּעַ, כָּל יְמֵי חַיָּיו לִמַּד עַל פֶּה.

E apesar de a “Torá Oral” não ter sido escrita na época de Moshe nosso mestre, ele ensinou odo seu conteúdo em seu Tribunal na reunião que fazia com os líderes de Israel, tais como os Setenta Anciãos. E [dentre estes líderes, destacam-se] Elazar, Pin’hás (finéias) e Iehoshua. Estes, foram os principais que receberam as explicações da Torá diretamente de Moshe. E dentre estes três principais, o que mais se destacou foi Iehoshua, que era um discípulo individual de Moshe nosso mestre. E por isso, Moshe não apenas transmitiu a Torá Oral para ele mas também, o incumbiu da responsabilidade de ensinar sobre ela. E similarmente a Moshe, Iehoshua ensinou aquilo que aprendeu oralmente, por toda sua vida.

וּזְקֵנִים רַבִּים קִבְּלוּ מִיְּהוֹשׁוּעַ, וְקִבַּל עֵלִי מִן הַזְּקֵנִים וּמִפִּינְחָס; וּשְׁמוּאֵל קִבַּל מֵעֵלִי וּבֵית דִּינוֹ, וְדָוִיד קִבַּל מִשְּׁמוּאֵל וּבֵית דִּינוֹ. וַאֲחִיָּה הַשִּׁילוֹנִי, מִיּוֹצְאֵי מִצְרַיִם הָיָה וְלֵוִי הָיָה, וְשָׁמַע מִמֹּשֶׁה, וְהָיָה קָטָן בִּימֵי מֹשֶׁה; וְהוּא קִבַּל מִדָּוִיד וּבֵית דִּינוֹ.

E muitos anciãos receberam as explicações da Torá de Iehoshua. E o sacerdote Eli foi quem recebeu as explicações da Torá dos anciãos, e também de Pin’hás. E foi Shmuel (samuel) quem recebeu as explicações da Torá de Eli e seu tribunal. E o rei David recebeu [as explicações da Torá de Shmuel e seu tribunal. E [o profeta] Ahíah o Shiloni, que havia saído do Egito e era da tribo de Leví - foi quem ouviu as explicações da Torá, dadas por Moshe; quando ainda era criança tal qual os dias de Moshe - Ele recebeu as explicações da Torá de David e seu tribunal.

אֵלִיָּהוּ קִבַּל מֵאֲחִיָּה הַשִּׁילוֹנִי וּבֵית דִּינוֹ, וֶאֱלִישָׁע קִבַּל מֵאֵלִיָּהוּ וּבֵית דִּינוֹ, וִיהוֹיָדָע הַכּוֹהֵן קִבַּל מֵאֱלִישָׁע וּבֵית דִּינוֹ, וּזְכַרְיָהוּ קִבַּל מִיְּהוֹיָדָע וּבֵית דִּינוֹ, וְהוֹשֵׁעַ קִבַּל מִזְּכַרְיָה וּבֵית דִּינוֹ, וְעָמוֹס קִבַּל מֵהוֹשֵׁעַ וּבֵית דִּינוֹ, וִישַׁעְיָהוּ קִבַּל מֵעָמוֹס וּבֵית דִּינוֹ, וּמִיכָה קִבַּל מִיְּשַׁעְיָה וּבֵית דִּינוֹ, וְיוֹאֵל קִבַּל מִמִּיכָה וּבֵית דִּינוֹ, וְנַחוּם קִבַּל מִיּוֹאֵל וּבֵית דִּינוֹ, וַחֲבַקּוּק קִבַּל מִנַּחוּם וּבֵית דִּינוֹ, וּצְפַנְיָה קִבַּל מֵחֲבַקּוּק וּבֵית דִּינוֹ, וְיִרְמְיָה קִבַּל מִצְּפַנְיָה וּבֵית דִּינוֹ, וּבָרוּךְ בֶּן נֵרִיָּה קִבַּל מִיִּרְמְיָה וּבֵית דִּינוֹ, וְעֶזְרָא וּבֵית דִּינוֹ קִבְּלוּ מִבָּרוּךְ וּבֵית דִּינוֹ.

E Eliáhu (elias) recebeu as explicações da Torá do profeta Ahíah o Shiloni e seu tribunal. E o profeta Elishá (eliseu) [o discípulo de Eliáhu] foi quem recebeu as explicações da Torá de Eliáhu e seu tribunal. E Iehoiada, o kohen (i.e. o sacerdote) recebeu de Elishá e seu tribunal. E o profeta Zehariah (zacarias) recebeu de Iehoiada e seu tribunal. E o profeta Amos recebeu de Hoshea (oséias) e seu tribunal. E o profeta Ieshaiáhu (isaías) recebeu do profeta Amos, e seu tribunal. E o profeta Mihá (miquéias) recebeu do profeta Ieshaiáhu e seu tribunal. E o profeta Ioél (joél) recebeu do profeta Mihá e seu tribunal. E o profeta Nahum (naum) recebeu do profeta Ioél e seu tribunal. E o profeta Havakuk (habacuque) recebeu do profeta Nahum e seu tribunal. E o profeta Tzefaniah (sofonias) recebeu do profeta Havakuk e seu tribunal. E o profeta Irmiáhu (jeremias) recebeu do profeta Tzefaniah e seu tribunal. E o escriba Baru'h (baruque) ben-Neriah recebeu a explicação da Torá do profeta Irmiáhu e seu tribunal. E o Sacerdote, escriba Ezra e seu tribunal, receberam a explicação da Torá do escriba Baru'h ben-Neriah e seu tribunal.

בֵּית דִּינוֹ שֶׁלְּעֶזְרָא, הֶם הַנִּקְרָאִין אַנְשֵׁי כְּנֶסֶת הַגְּדוֹלָה. וְהֶם חַגַּי זְכַרְיָה וּמַלְאָכִי, וְדָנִיֵּאל חֲנַנְיָה מִישָׁאֵל וַעֲזַרְיָה, וּנְחֶמְיָה בֶּן חֲכַלְיָה, וּמָרְדֳּכַי, וּזְרֻבָּבֶל; וְהַרְבֵּה חֲכָמִים עִמָּהֶם, תַּשְׁלוּם מֵאָה וְעֶשְׂרִים זְקֵנִים. הָאַחֲרוֹן מֵהֶם הוּא שִׁמְעוֹן הַצַּדִּיק, וְהוּא הָיָה מִכְּלַל הַמֵּאָה וְעֶשְׂרִים, וְקִבַּל תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה מִכֻּלָּן; וְהוּא הָיָה כּוֹהֵן גָּדוֹל, אַחַר עֶזְרָא.

O sacerdote Ezra e seu tribunal foram chamados de “Homens da Grande Assembleia” cujos membros mais destacados, eram: O profeta Hagai, o profeta Zehariah, o profeta Malahi, o sábio Daniel e seus companheiros Hananiah, Mishael e Azaria. E o governador Nehemiah filho de Hah’liah, e o governador Mordehai e o governador Zerubavel; além de outros grandes sábios, totalizando 120 anciãos. O último deles foi o rabino Shimon chamado de <haTzadik> = o Justo, que era um dos 120 e recebeu a Torá Oral de todos eles. Ele se tornou o Kohen Gadol, i.e Sumo Sacerdote, após Ezra.

אַנְטִיגְנוֹס אִישׁ שׂוֹכוֹ וּבֵית דִּינוֹ קִבְּלוּ מִשִּׁמְעוֹן הַצַּדִּיק וּבֵית דִּינוֹ, וְיוֹסֵף בֶּן יוֹעֶזֶר אִישׁ צְרֵדָה וְיוֹסֵף בֶּן יוֹחָנָן אִישׁ יְרוּשָׁלַיִם וּבֵית דִּינָם קִבְּלוּ מֵאַנְטִיגְנוֹס וּבֵית דִּינוֹ, וִיהוֹשׁוּעַ בֶּן פְּרַחְיָה וְנִתַּאי הָאַרְבֵּלִי וּבֵית דִּינָם קִבְּלוּ מִיּוֹסֵף וְיוֹסֵף וּבֵית דִּינָם, וִיהוּדָה בֶּן טָבַאי וְשִׁמְעוֹן בֶּן שָׁטָח וּבֵית דִּינָם קִבְּלוּ מִיְּהוֹשׁוּעַ וְנִתַּאי וּבֵית דִּינָם. שְׁמַעְיָה וְאַבְטַלְיוֹן גֵּרֵי הַצֶּדֶק וּבֵית דִּינָם קִבְּלוּ מִיְּהוּדָה וְשִׁמְעוֹן וּבֵית דִּינָם. וְהִלֵּל וְשַׁמַּאי וּבֵית דִּינָם קִבְּלוּ מִשְּׁמַעְיָה וְאַבְטַלְיוֹן וּבֵית דִּינָם. וְרַבַּן יוֹחָנָן בֶּן זַכַּאי וְרַבַּן שִׁמְעוֹן בְּנוֹ שֶׁלְּהִלֵּל קִבְּלוּ מֵהִלֵּל וּבֵית דִּינוֹ.

Antígno do antigo vilarejo de Soho e seu tribunal, recebeu a explicação da Torá do rabino Shimon - o Justo – e seu tribunal. E o rabino Iossef filho de Ioézer do vilarejo de Tzereida e o rabino Iossef filho de Iohanan de Jerusalém e seus tribunais; receberam de Antígno de Soho e seu tribunal. E o rabino Iehoshua filho de P’ráhia e o rabino Nitái o Arbelita do vilarejo de Arbel e seus respectivos tribunais - receberam de Iossef filho de Ioézer e Iosséf (filho de Iohanan) e seus tribunais. E os rabinos Iehudá filho de Tavái e o rabino Shimon filho de Shatá’h e seus tribunais, receberam a explicação da Torá dos rabinos Iehoshua e Nitái e seus tribunais. E os rabinos Shemáia e Avtalion – que eram convertidos – receberam a explicação da Torá dos rabinos Iehudá e Shimon e seus tribunais. E os rabinos Hilel e Shamái e seus tribunais, receberam dos rabinos Shemáia e Avtalion e seus tribunais. E o rabino, chamado de Raban (nosso mestre) Iohanan filho de Zakái e seu filho chamado Raban Shimon, receberam as explicações da Torá de Hilel e seu tribunal.

חֲמִשָּׁה תַּלְמִידִים הָיוּ לוֹ לְרַבַּן יוֹחָנָן בֶּן זַכַּאי, וְהֶם גְּדוֹלֵי הַחֲכָמִים שֶׁקִּבְּלוּ מִמֶּנּוּ; וְאֵלּוּ הֶם – רִבִּי אֱלִיעֶזֶר הַגָּדוֹל, וְרִבִּי יְהוֹשׁוּעַ, וְרִבִּי יוֹסֵי הַכּוֹהֵן, וְרִבִּי שִׁמְעוֹן בֶּן נְתַנְאֵל, וְרִבִּי אֶלְעָזָר בֶּן עֲרָךְ. וְרִבִּי עֲקִיבָה בֶּן יוֹסֵף קִבַּל מֵרִבִּי אֱלִיעֶזֶר הַגָּדוֹל, וְיוֹסֵף אָבִיו גֵּר צֶדֶק הָיָה. וְרִבִּי יִשְׁמָעֵאל וְרִבִּי מֵאִיר בֶּן גֵּר הַצֶּדֶק קִבְּלוּ מֵרִבִּי עֲקִיבָה, וְגַם קִבַּל רִבִּי מֵאִיר וַחֲבֵרָיו מֵרִבִּי יִשְׁמָעֵאל.

E o Raban Iohanan filho de Zakái teve cinco discípulos (destacados) e eles foram os maiores sábios de suas gerações. São eles: Rabino Eliezer “o Grande” – Rabino Iehoshua – Rabino Iossê o Kohen – Rabino Shimon filho de Netanel e o Rabino Elazar filho de Ará'h. E o rabino Akiva filho de Iossef recebeu a explicação da Torá do Rabino Eliezer “o Grande”. O pai dele – Iossef – era um convertido. E os rabinos Ishmael e Meir, que era filho de convertido; receberam as explicações da Torá do Rabino Akiva – e o rabino Meir e seus companheiros de estudo também receberam a explicação da Torá do rabino Ishmael.

חֲבֵרָיו שֶׁלְּרִבִּי מֵאִיר – הֶם רִבִּי יְהוּדָה, וְרִבִּי יוֹסֵי, וְרִבִּי שִׁמְעוֹן, וְרִבִּי נְחֶמְיָה, וְרִבִּי אֶלְעָזָר בֶּן שַׁמּוּעַ, וְרִבִּי יוֹחָנָן הַסַּנְדְּלָר, וְשִׁמְעוֹן בֶּן עַזַּאי, וְרִבִּי חֲנַנְיָה בֶּן תְּרַדְיוֹן. וְכֵן קִבְּלוּ חֲבֵרָיו שֶׁלְּרִבִּי עֲקִיבָה מֵרִבִּי אֱלִיעֶזֶר הַגָּדוֹל; וַחֲבֵרָיו שֶׁלְּרִבִּי עֲקִיבָה – הֶם רִבִּי טַרְפוֹן רִבּוֹ שֶׁלְּרִבִּי יוֹסֵי הַגָּלִילִי, וְרִבִּי שִׁמְעוֹן בֶּן אֶלְעָזָר, וְרִבִּי יוֹחָנָן בֶּן נוּרִי.

E os companheiros de estudo do Rabino Meir eram: Rabino Iehudá – Rabino Nehemiah – Rabino Elazar filho de Shamúa – rabino Iehonan o sapateiro – rabino Shimon filho de Azái e o Rabino Hananíah filho de Terádion. E do mesmo modo os companheiros do Rabino Akiva receberam as explicações da Torá do Rabino Eliezer “o Grande”. E os companheiros do Rabino Akiva era: Rabino Tarfon o professor do Rabino Iossê o Galileu – Rabino Shimon filho de Elazar e o Rabino Iohanan filho de Núri.

רַבַּן גַּמְלִיאֵל הַזָּקֵן קִבַּל מֵרַבַּן שִׁמְעוֹן אָבִיו, בְּנוֹ שֶׁלְּהִלֵּל; וְרַבַּן שִׁמְעוֹן בְּנוֹ קִבַּל מִמֶּנּוּ, וְרַבַּן גַּמְלִיאֵל בְּנוֹ קִבַּל מִמֶּנּוּ, וְרַבַּן שִׁמְעוֹן בְּנוֹ קִבַּל מִמֶּנּוּ. וְרִבִּי יְהוּדָה בְּנוֹ שֶׁלְּרַבַּן שִׁמְעוֹן, זֶה הוּא הַנִּקְרָא רַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ, וְהוּא קִבַּל מֵאָבִיו, וּמֵרִבִּי אֶלְעָזָר בֶּן שַׁמּוּעַ וּמֵרִבִּי שִׁמְעוֹן חֲבֵרוֹ.

E o rabino chamado Raban (nosso mestre) Gamliel o ancião, recebeu a explicação da Torá do Raban Shimon seu pai, filho de Hilel. E o Raban Shimon seu filho, recebeu a explicação da Torá dele mesmo. E quanto ao Rabino Iehudá o filho do Raban Shimon – este é o rabino que nós chamamos de rabêinu haKadosh = nosso sagrado mestre – e ele recebeu [a explicação da Torá, tanto] de seu pai, quanto do Rabino Elazar filho de Shamúa e do Rabino Shimon e seus companheiros.

רַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ חִבַּר הַמִּשְׁנָה. וּמִיְּמוֹת מֹשֶׁה וְעַד רַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ, לֹא חִבְּרוּ חִבּוּר שֶׁמְּלַמְּדִין אוֹתוֹ בָּרַבִּים בְּתוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה; אֵלָא בְּכָל דּוֹר וָדוֹר, רֹאשׁ בֵּית דִּין אוֹ נָבִיא שֶׁיִּהְיֶה בְּאוֹתוֹ הַדּוֹר, כּוֹתֵב לְעַצְמוֹ זִכָּרוֹן בַּשְּׁמוּעוֹת שֶׁשָּׁמַע מֵרִבּוֹתָיו, וְהוּא מְלַמֵּד עַל פֶּה בָּרַבִּים.

E o rabino que chamamos nosso sagrado mestre, foi o redator do texto que chamamos Mishná (repetição). E dos dias do profeta Moshe até a época do nosso sagrado mestre nunca foi redigido um texto para ensinar a Torá Oral em público. Como acontecia antes? Em cada geração, o líder chamado de “Av Beit Din” ou “chefe do tribunal” – ou o Profeta que estivesse vivo naquela geração, escrevia para si mesmo memorandos, daquilo que ouviu de seus professores. E deste modo ensinava o conteúdo oralmente, em público.

וְכֵן כָּל אֶחָד וְאֶחָד כּוֹתֵב לְעַצְמוֹ כְּפִי כּוֹחוֹ, מִבֵּאוּר הַתּוֹרָה וּמֵהִלְכּוֹתֶיהָ כְּמוֹ שֶׁשָּׁמַע, וּמִדְּבָרִים שֶׁנִּתְחַדְּשׁוּ בְּכָל דּוֹר וָדוֹר, בְּדִינִים שֶׁלֹּא לְמָדוּם מִפִּי הַשְּׁמוּעָה אֵלָא בְּמִדָּה מִשְּׁלוֹשׁ עֶשְׂרֵה מִדּוֹת וְהִסְכִּימוּ עֲלֵיהֶן בֵּית דִּין הַגָּדוֹל. וְכֵן הָיָה הַדָּבָר תָּמִיד, עַד רַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ.

De modo tal que, cada um dos que receberam as explicações da Torá em cada geração escreveu para si mesmo um memorando de acordo com sua habilidade, sobre os esclarecimentos da Torá e sobre detalhes de suas leis, tal qual ouvia. E também as inovações de cada geração ou seja, as leis que não foram diretamente derivadas da tradição i.e. da Torá Oral. Isto é, as regras derivadas de um ou mais dentre os treze princípios de interpretação que foram elaborados pelo Grande Tribunal (i.e. Os Homens da Grande Assembleia). Tinha sido assim, até a época de nosso sagrado mestre.

וְהוּא קִבַּץ כָּל הַשְּׁמוּעוֹת וְכָל הַדִּינִין וְכָל הַבֵּאוּרִין וְהַפֵּרוּשִׁין שֶׁשָּׁמְעוּ מִמֹּשֶׁה רַבֵּנוּ, וְשֶׁלִּמְּדוּ בֵּית דִּין שֶׁלְּכָל דּוֹר וָדוֹר, בְּכָל הַתּוֹרָה כֻּלָּהּ; וְחִבַּר מֵהַכֹּל סֵפֶר הַמִּשְׁנָה. וְשִׁנְּנוֹ בָּרַבִּים, וְנִגְלָה לְכָל יִשְׂרָאֵל; וּכְתָבוּהוּ כֻּלָּם, וְרִבְּצוּ בְּכָל מָקוֹם, כְּדֵי שֶׁלֹּא תִשְׁתַּכַּח תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה מִיִּשְׂרָאֵל.

Ele coletou todos os registros e memorandos dos ensinamentos, todas as elucidações de todas as leis e todas as explicações e comentários a respeito de passagens das Escrituras que foram ouvidas pelos sábios desde a época do profeta Moshe, nosso mestre. Os ensinos que foram transmitidos pelos tribunais, em cada geração, com relação a toda a Torá. De todas estas fontes ele redigiu o texto da Mishná. Ele a ensinou aos sábios de sua geração publicamente e deste modo revelou seu conteúdo ao povo de Israel, que por sua vez copiou o registro. Eles então espalharam cópias daquele texto, enviando para todos os lugares aonde haviam comunidades judaicas estabelecidas para que a Torá Oral não fosse esquecida pelo povo de Israel.

וְלָמָּה עָשָׂה רַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ כָּךְ, וְלֹא הִנִּיחַ הַדָּבָר כְּמוֹת שֶׁהָיָה – לְפִי שֶׁרָאָה שֶׁהַתַּלְמִידִים מִתְמַעֲטִים וְהוֹלְכִים, וְהַצָּרוֹת מִתְחַדְּשׁוֹת וּבָאוֹת, וּמַמְלֶכֶת הָרִשְׁעָה פּוֹשֶׁטֶת בָּעוֹלָם וּמִתְגַּבֶּרֶת, וְיִשְׂרָאֵל מִתְגַּלְגְּלִים וְהוֹלְכִים לַקְּצָווֹת: חִבַּר חִבּוּר אֶחָד לִהְיוֹת בְּיַד כֻּלָּם, כְּדֵי שֶׁיִּלְמְדוּהוּ בִּמְהֵרָה וְלֹא יִשָּׁכַח; וְיָשַׁב כָּל יָמָיו הוּא וּבֵית דִּינוֹ, וְלִמַּד הַמִּשְׁנָה בָּרַבִּים.

Porque nosso sagrado mestre fez isso, ao invés de deixar como estava? Por que ele percebeu que os alunos estavam cada vez mais escassos, novas dificuldades surgiam, o Império Romano se fortalecia e aumentava suas fronteiras pelo mundo todo, e o povo de Israel estava vagando e cada vez mais disperso pelo mundo. Portanto, ele redigiu um texto único que, pudesse ser disponibilizado para todas estas comunidades; de modo que pudesse ser estudado de forma relativamente rápida e, assim, as explicações da Torá não seriam esquecidas. Por toda sua vida, ele - e seu tribunal - permaneceu dedicado a ensinar a Mishná para a população.

וְאֵלּוּ הֶם גְּדוֹלֵי הַחֲכָמִים שֶׁהָיוּ בְּבֵית דִּינוֹ שֶׁלְּרַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ וְקִבְּלוּ מִמֶּנּוּ – שִׁמְעוֹן וְגַמְלִיאֵל בָּנָיו, וְרִבִּי אָפֵס, וְרִבִּי חֲנַנְיָה בֶּן חָמָא, וְרִבִּי חִיָּא, וְרָב, וְרִבִּי יַנַּאי, וּבַר קַפָּרָא, וּשְׁמוּאֵל, וְרִבִּי יוֹחָנָן, וְרִבִּי הוֹשַׁעְיָה. אֵלּוּ הֶם הַגְּדוֹלִים שֶׁקִּבְּלוּ מִמֶּנּוּ, וְעִמָּהֶם אֲלָפִים וּרְבָבוֹת מִשְּׁאָר הַחֲכָמִים.

E estes são os grandes sábios que faziam parte do tribunal do nosso sagrado mestre: seus filhos, Shimon e Gamliel – o Rabino Éfes – o rabino Hanína filho de Háma – o Rabino Híah – o rabino Ráv – o rabino Ianái – o rabino Bar-Kapará – o rabino Sh’muel – o rabino Iohanan – o rabino Hoshaia. Houve centenas de milhares de outros sábios, que receberam esta Tradição do nosso sagrado mestre juntamente com estes rabinos aqui mencionados.

אַף עַל פִּי שֶׁאֵלּוּ הָאַחַד עָשָׂר קִבְּלוּ מֵרַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ וְעָמְדוּ בְּמִדְרָשׁוֹ, רִבִּי יוֹחָנָן קָטָן הָיָה וְאַחַר כָּךְ הָיָה תַּלְמִיד לְרִבִּי יַנַּאי וְקִבַּל מִמֶּנּוּ תּוֹרָה. וְכֵן רָב קִבַּל מֵרִבִּי יַנַּאי; וּשְׁמוּאֵל קִבַּל מֵרִבִּי חֲנַנְיָה בֶּן חָמָא.

E mesmo que o tenhamos mencionado entre os onze sábios que receberam a Tradição do nosso sagrado mestre, e frequentaram suas aulas; deve-se saber que o Rabino Iohanan que foi apelidado de “o pequeno” era discípulo do Rabino Ianái e recebeu instruções dele. De modo similar, o rabino chamado de Ráv também recebeu a tradição do Rabino Ianái. E o rabino Sh’muel recebeu a tradição do rabino Hanína filho de Háma.

רָב חִבַּר סִפְרָא וְסִפְרֵי לְבָאַר וּלְהוֹדִיעַ עִיקְרֵי הַמִּשְׁנָה, וְרִבִּי חִיָּא חִבַּר הַתּוֹסֶפְתָּא לְבָאַר עִנְיְנֵי הַמִּשְׁנָה. וְכֵן רִבִּי הוֹשַׁעְיָה וּבַר קַפָּרָא חִבְּרוּ בַּרַּיְתּוֹת לְבָאַר דִּבְרֵי הַמִּשְׁנָה, וְרִבִּי יוֹחָנָן חִבַּר הַתַּלְמוּד הַיְּרוּשְׁלְמִי בְּאֶרֶץ יִשְׂרָאֵל אַחַר חָרְבַּן הַבַּיִת בְּקֵרוּב מִשְּׁלוֹשׁ מֵאוֹת שָׁנָה.

E o rabino chamado Ráv, redigiu o livro intitulado Sifrá (um texto que é parte do Midrash sobre Vaicrá, i.e. levítico) e também o Sifrê (Midrash sobre Bamidbar e Devarim) para explicar e tornar conhecido os princípios da Mishná. E o rabino Híah foi o autor da obra intitulada Tossefta (adição) para explicar o conteúdo textual da Mishná. O rabino Hosháia e o rabino chamado Bar Kapará foram co-autores de Mishnaiot extras (i.e. tradições que eram lembradas mas, não foram incluídas pelo nosso sagrado mestre em seu texto) no objetivo de elucidar a Mishná. E o rabino Iohanan foi o autor do chamado Talmud (estudo) de Jerusalém, cuja redação final aconteceu na terra de Israel (não necessariamente “em” Jerusalém) a aproximadamente 300 anos após a destruição do segundo Templo...

וּמִגְּדוֹלֵי הַחֲכָמִים שֶׁקִּבְּלוּ מֵרָב וּשְׁמוּאֵל – רָב הוּנָא, וְרָב יְהוּדָה, וְרָב נַחְמָן, וְרָב כַּהֲנָא; וּמִגְּדוֹלֵי הַחֲכָמִים שֶׁקִּבְּלוּ מֵרִבִּי יוֹחָנָן – רַבָּה בַּר בַּר חָנָה, וְרִבִּי אַמֵי, וְרִבִּי אַסֵי, וְרָב דִּימֵי, וְרַאבּוּן.

E os grandes sábios do Talmud que receberam estes conhecimentos do rabino Ráv e do rabino Sh’muel, foram os rabinos: Rav Húna – Rav Iehudá e Rav Nachman – Rav Kahána. E dentre os grandes sábios que receberam a Tradição de Rabi Iohanan temos os rabinos: Rábah bar bar Hána – Rabi Amí – Rabí Assí – Rab Dími e Rabun.

וּמִכְּלַל הַחֲכָמִים שֶׁקִּבְּלוּ מֵרָב הוּנָא וּמֵרָב יְהוּדָה, רַבָּה וְרָב יוֹסֵף. וּמִכְּלַל הַחֲכָמִים שֶׁקִּבְּלוּ מֵרַבָּה וְרָב יוֹסֵף, אַבַּיֵי וְרַבָּא; וּשְׁנֵיהֶם קִבְּלוּ גַּם מֵרָב נַחְמָן. וּמִכְּלַל הַחֲכָמִים שֶׁקִּבְּלוּ מֵרַבָּא, רָב אַשֵׁי וְרַבִּינָא; וּמָר בַּר רָב אַשֵׁי קִבַּל מֵאָבִיו וּמֵרַבִּינָא.

E incluindo os sábios do Talmud que receberam a Tradição do Rav Húna e do Rav Iehudá, temos os rabinos: Rábah e Rav Iossef. E com os sábios que receberam a Tradição do rabino Rábah e Rav Iossef, temos os rabinos: Abáie e Ráva – ambos também foram alunos de Rav Nachman.

E com os sábios que receberam do rabino

Ráva temos: Rav Áshi e o rabino chamado Ravína, além do rabino Már filho do Rav Áshi que recebeu de seu pai e de Ravína.

נִמְצָא מֵרָב אַשֵׁי עַד מֹשֶׁה רַבֵּנוּ – אַרְבָּעִים אִישׁ, וְאֵלּוּ הֶן: (א) רָב אַשֵׁי, (ב) מֵרַבָּא, (ג) מֵרַבָּה, (ד) מֵרָב הוּנָא, (ה) מֵרִבִּי יוֹחָנָן וְרָב וּשְׁמוּאֵל, (ו) מֵרַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ, (ז) מֵרַבַּן שִׁמְעוֹן אָבִיו, (ח) מֵרַבַּן גַּמְלִיאֵל אָבִיו, (ט) מֵרַבַּן שִׁמְעוֹן אָבִיו, (י) מֵרַבַּן גַּמְלִיאֵל הַזָּקֵן אָבִיו, (יא) מֵרַבַּן שִׁמְעוֹן אָבִיו, (יב) מֵהִלֵּל אָבִיו וְשַׁמַּאי, (יג) מִשְּׁמַעְיָה וְאַבְטַלְיוֹן, (יד) מִיְּהוּדָה וְשִׁמְעוֹן, (טו) מִיְּהוֹשׁוּעַ וְנִתַּאי, (טז) מִיּוֹסֵף וְיוֹסֵף, (יז) מֵאַנְטִיגְנוֹס, (יח) מִשִּׁמְעוֹן הַצַּדִּיק, (יט) מֵעֶזְרָא, (כ) מִבָּרוּךְ, (כא) מִיִּרְמְיָה, (כב) מִצְּפַנְיָה, (כג) מֵחֲבַקּוּק, (כד) מִנַּחוּם, (כה) מִיּוֹאֵל, (כו) מִמִּיכָה, (כז) מִיְּשַׁעְיָה, (כח) מֵעָמוֹס, (כט) מֵהוֹשֵׁעַ, (ל) מִזְּכַרְיָה, (לא) מִיְּהוֹיָדָע, (לב) מֵאֱלִישָׁע, (לג) מֵאֵלִיָּהוּ, (לד) מֵאֲחִיָּה, (לה) מִדָּוִיד, (לו) מִשְּׁמוּאֵל, (לז) מֵעֵלִי, (לח) מִפִּינְחָס, (לט) מִיְּהוֹשׁוּעַ, (מ) מִמֹּשֶׁה רַבֵּנוּ רִבָּן שֶׁלְּכָל הַנְּבִיאִים, מֵעִם ה' אֱלֹהֵי יִשְׂרָאֵל.

Deste modo de Rav Áshi até o profeta Moshe, temos o registro de quarenta pessoas receptoras e transmissoras das explicações da Torá - São eles retrospectivamente: 1 - Rav Áshi cujo período foi de 4150 C.J (calendário Judaico) ou 400 E.C (da Era Comum) – antiga Babilônia (Bavel) ou Iraque] 2 – Ráva [de 4100 C.J. = Calendário Judaico, ou 340 E.C. = Era Comum] 3 – Rábah [4070 CJ ou 310 CE] 4 – Rav Húna [4030 CJ/ 280 CE] 5 – Rabi Iohanan [4000 CJ/ 250 CE] e Rav [3990 CJ/ 230 CE] 6 – Rabêinu HaKadosh/Nosso Sagrado Mestre/rabino Iehudá HaNassí [3940 CJ/ 180 CE] 7 – Raban Shimon pai de Iehudá HaNassí [3900 CJ/ 140 CE] 8 – Raban Gamliel pai de Raban Shimon [3850 CJ/ 90 CE] 9 – Raban Shimon (pai de Raban Gamliel) [3810 CJ/ 50 CE] 10 – Raban Gamliel HaZaken o ancião, pai de Raban Shimon [3780 CJ/ 20 CE] 11 – Raban Shimon o pai de Raban Gamliel [3750 CJ/ 10 AEC = “antes da Era Comum”] 12 – Hilel pai de Raban Shimon [3720 CJ/ 40AEC] e Shamái [3720 CJ/ 40 AEC] 13 – Shemáia [3710 CJ/ 50 AEC] e Avtalion [3710 CJ/ 50 AEC] 14 Iehudá filho de Tavái [3690 CJ/ 70 AEC] e Shimon filho de Shetá'h [ 3690 CJ/ 70 AEC] 15 – Iehoshua filho de Peráhia [3660 CJ/ 100 AEC] e Nitái o Arbelita [3660 CJ/ 100 AEC] 16 – Iossi filho de Ioézer [3590 CJ/ 170 AEC] e Iosséf filho de Iohanan [3590 CJ/ 170 AEC] 17 – Antígno [de Soho] [3560 CJ/ 200 AEC] 18 – Shimon HaTzadik [3460/ 300 AEC] 19 Ezra [3410 CJ] 20 Baru'h [3350] 21 – o profeta Irmiáhu [3320] 22 – profeta Tzefaniahu [3280] 23 – profeta Havakuk [3254] 24 – profeta Nahum [3240] 25 – profeta Ioél [3190] 26 – profeta Mihá [3160] 27 – profeta Ieshaiáhu [3140] e profeta Amos [3110] 29 – profeta Hoshea [3090] 30 – profeta Zehariah [3067] 31 – sacerdote Iehoiada [3056] 32 - profeta Elishá [3074] 33 - profeta Eliáhu [2962] 34 - profeta Ahía [2892] 35 – rei David [2890] 36 - profeta Sh’muel [2871] 37 – sacerdote Eli [2840] 38 – sacerdote Pin’hás [2500] 39 Iehoshua [2490] 40 – Moshe, nosso Mestre [2435] – o maior de todos os profetas de HaShem, o Elohim de Israel.

כָּל אֵלּוּ הַחֲכָמִים הַנִּזְכָּרִים, הֶם גְּדוֹלֵי הַדּוֹרוֹת – מֵהֶם רָאשֵׁי יְשִׁיבוֹת, וּמֵהֶם רָאשֵׁי גָּלִיּוֹת, וּמֵהֶם מִסַּנְהֶדְּרֵי גְּדוֹלָה. וְעִמָּהֶם בְּכָל דּוֹר וָדוֹר, אֲלָפִים וּרְבָבוֹת שֶׁשָּׁמְעוּ מֵהֶם וְעִמָּהֶם.

Todos estes rabinos foram os líderes em suas gerações – alguns deles foram líderes das Ieshivot (centros de estudos avançados) e alguns, foram líderes do Exílio [i.e. das comunidades judaicas fora de Israel] e outros foram [líderes do] Grande Tribunal e, com eles, várias gerações de dezenas de milhares de discípulos, aprendendo deles e por meio deles.

רַבִּינָא וְרָב אַשֵׁי, הֶם סוֹף חַכְמֵי הַתַּלְמוּד; וְרָב אַשֵׁי הוּא שֶׁחִבַּר הַתַּלְמוּד הַבַּבְלִי בְּאֶרֶץ שִׁנְעָר, אַחַר שֶׁחִבַּר רִבִּי יוֹחָנָן הַתַּלְמוּד הַיְּרוּשְׁלְמִי בִּכְמוֹ מֵאָה שָׁנָה.

O rabino chamado Ravína e o rabino chamado Rav Áshi foram os últimos sábios da época do Talmud. Rav Áshi foi o autor do texto do Talmud Bavli (Talmud {estudo} da Babilônia/Iraque) na terra de Shinar (outro nome da Babilônia), aproximadamente 100 anos após o Rabino Iohanan ter concluído o Talmud de Jerusalém.

וְעִנְיַן שְׁנֵי הַתַּלְמוּדִין – הוּא פֵּרוּשׁ דִּבְרֵי הַמִּשְׁנָה וּבֵאוּר עֲמוּקוֹתֶיהָ, וּדְבָרִים שֶׁנִּתְחַדְּשׁוּ בְּכָל בֵּית דִּין וּבֵית דִּין מִיְּמוֹת רַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ וְעַד חִבּוּר הַתַּלְמוּד. וּמִשְּׁנֵי הַתַּלְמוּדִין, וּמִן הַתּוֹסֶפְתָּא, וּמִסִּפְרָא וּמִסִּפְרֵי, וּמִן הַתּוֹסֶפְתּוֹת – מִכֻּלָּם יִתְבָּאַר הָאָסוּר וְהַמֻּתָּר, וְהַטָּמֵא וְהַטָּהוֹר, וְהַחַיָּב וְהַפָּטוּר, וְהַכָּשֵׁר וְהַפָּסוּל, כְּמוֹ שֶׁהִעְתִּיקוּ אִישׁ מִפִּי אִישׁ מִפִּי מֹשֶׁה מִסִּינַי.

A essência de ambos os livros, denominados de Talmud (estudo), é a explicação das palavras da Mishná, trazendo esclarecimento sobre seus temas profundos, assim como; lidar com questões de inovações, característicos de cada tribunal rabínico da época de nosso sagrado mestre, até que o Talmud fosse concluído. As duas coletâneas de registros, ambas intituladas Talmud, e também os textos de elucidação, intitulados: Tossefta, Sifrá, Sifrê e outras Tosseftas adições posteriores de explicações – são as fontes através das quais são esclarecidos os conceitos de tudo o que é de acordo com a Torá permitido e proibido, ritualmente puro e ritualmente impuro, passível de punição ou isento de punição, qualificado para uso ou desqualificado; tal qual foram transmitidos, de pessoa para pessoa, por todos estas figuras de nossa história, aqui mencionados desde a revelação no Monte Sinai.

גַּם יִתְבָּאַר מֵהֶם דְּבָרִים שֶׁגָּזְרוּ חֲכָמִים וּנְבִיאִים שֶׁבְּכָל דּוֹר וָדוֹר, לַעֲשׂוֹת סְיָג לַתּוֹרָה, כְּמוֹ שֶׁשָּׁמְעוּ מִמֹּשֶׁה בְּפֵרוּשׁ "וּשְׁמַרְתֶּם אֶת־מִשְׁמַרְתִּי" (ויקרא יח, ל), שֶׁאָמַר עֲשׂוּ מִשְׁמֶרֶת לְמִשְׁמַרְתִּי.

Eles também esclareceram os conceitos dos decretos dos Sábios e dos profetas de cada geração, a respeito do dever de criar uma cerca ao redor da Torá, como eles ouviram de Moshe, ao dizer: ...guardareis a minha Guarda... (Vaicrá 18:30) querendo dizer: “façam uma “Guarda” para minha “Guarda”...

וְכֵן יִתְבָּאַר מֵהֶם הַמִּנְהָגוֹת וְהַתַּקָּנוֹת שֶׁהִתְקִינוּ אוֹ שֶׁנָּהֲגוּ בְּכָל דּוֹר וָדוֹר, כְּמוֹ שֶׁרָאוּ בֵּית דִּין שֶׁלְּאוֹתוֹ הַדּוֹר, לְפִי שֶׁאָסוּר לָסוּר מֵהֶם, שֶׁנֶּאֱמָר "לֹא תָסוּר, מִכָּל הַדָּבָר אֲשֶׁר־יַגִּידוּ לְךָ – יָמִין וּשְׂמֹאל" (ראה דברים יז, יא).

Eles também esclareceram os costumes e regulamentações criados pelos rabinos de cada geração, tal qual foi considerado necessário pelo tribunal rabínico da época; pois não lhes era permitido se desviar destas recomendações, como está escrito: Não te desviarás disto, nem para a esquerda nem para a direita... (Devarim 17:11)

וְכֵן מִשְׁפָּטִים וְדִינִין פִּלְאִיִּים שֶׁלֹּא קִבְּלוּ אוֹתָן מִמֹּשֶׁה, וְדָנוּ בָּהֶן בֵּית דִּין הַגָּדוֹל שֶׁלְּאוֹתוֹ הַדּוֹר בַּמִּדּוֹת שֶׁהַתּוֹרָה נִדְרֶשֶׁת בָּהֶן, וּפָסְקוּ אוֹתָן הַזְּקֵנִים, וְגָמְרוּ שֶׁהַדִּין כָּךְ הוּא. הַכֹּל חִבַּר רָב אַשֵׁי בַּתַּלְמוּד, מִיְּמוֹת מֹשֶׁה וְעַד יָמָיו.

…e também sobre as legislações que não possuem um precedente, pois não foram recebidas de Moshe por meio da Tradição. [Sobre regras assim, elas existem porque] o grande tribunal rabínico daquela específica geração, analisou o caso usando os métodos de interpretação da Torá (estes sim, recebido pela Tradição) e os anciãos chegaram a uma decisão sobre, qual que deveria ser a Halahá, isto é, a lei normativa. Tudo isso foi incluído por Rav Áshi no Talmud (e não apenas as tradições vinda de Moshe, mas todos os debates e discussões, conclusões e conversas dos sábios que representam, ensinos, deduções, conclusões, tradições e etc) – desde a época de Moshe até a época de Rav Áshi.

וְחִבְּרוּ חַכְמֵי מִשְׁנָה חִבּוּרִין אֲחֵרִים, לְפָרַשׁ דִּבְרֵי הַתּוֹרָה: רִבִּי הוֹשַׁעְיָה תַּלְמִידוֹ שֶׁלְּרַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ, חִבַּר בֵּאוּר סֵפֶר בְּרֵאשִׁית. וְרִבִּי יִשְׁמָעֵאל פֵּרַשׁ מֵאֵלֶּה שְׁמוֹת עַד סוֹף הַתּוֹרָה, וְהוּא הַנִּקְרָא מְכִלְּתָא; וְכֵן רִבִּי עֲקִיבָה חִבַּר מְכִלְּתָא. וַחֲכָמִים אֲחֵרִים אַחֲרֵיהֶם חִבְּרוּ מִדְרָשׁוֹת. וְהַכֹּל חֻבַּר קֹדֶם הַתַּלְמוּד הַבַּבְלִי.

Os sábios da época da redação da Mishná escreveram outros livros para explicar ainda mais as palavras da Torá. O Rabino Hosháia, um discípulo do Rabino Iehudá “HaKadosh” (o santo), escreveu um comentário sobre Bereshit, e o rabino Ishmael, escreveu um comentário sobre a Torá, a partir de Shemot até seu final. Um livro que foi chamado de Mehilta (medida). O Rabino Akiva, também foi autor de uma Mehilta. Outros rabinos posteriores, foram autores de livros de Midrash, e todos estes livros foram compilados antes do Talmud Bavli ter sido concluído.

נִמְצָא רַבִּינָא וְרָב אַשֵׁי וְחַבְרֵיהֶם, סוֹף גְּדוֹלֵי חַכְמֵי יִשְׂרָאֵל הַמַּעְתִּיקִים תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה, וְשֶׁגָּזְרוּ גְּזֵרוֹת וְהִתְקִינוּ תַּקָּנוֹת וְהִנְהִיגוּ מִנְהָגוֹת וּפָשְׁטוּ גְּזֵרוֹתָם וְתַקָּנוֹתָם וּמִנְהֲגוֹתָם בְּכָל יִשְׂרָאֵל, בְּכָל מְקוֹמוֹת מוֹשְׁבוֹתֵיהֶם.

Por fim: Os rabinos Ravína – Rav Áshi e seus companheiros foram os últimos sábios de Israel que transmitiram a Torá Oral, os quais elaboraram decretos, fizeram regulamentos e até criaram costumes que se tornaram aceitos por todo o povo de Israel, em todos os locais que estivessem.

וְאַחַר בֵּית דִּינוֹ שֶׁלְּרָב אַשֵׁי, שֶׁחִבַּר הַתַּלְמוּד בִּימֵי בְּנוֹ וּגְמָרוֹ, נִתְפַּזְּרוּ יִשְׂרָאֵל בְּכָל הָאֲרָצוֹת פִּזּוּר יָתֵר, וְהִגִּיעוּ לַקְּצָווֹת וְלָאִיִּים הָרְחוֹקִים; וְרָבְתָה קְטָטָה בָּעוֹלָם, וְנִשְׁתַּבְּשׁוּ הַדְּרָכִים בִּגְיָסוֹת. וְנִתְמַעַט תַּלְמוּד תּוֹרָה, וְלֹא נִתְכַּנְּסוּ יִשְׂרָאֵל לִלְמֹד בִּישִׁיבוֹתֵיהֶם אֲלָפִים וּרְבָבוֹת כְּמוֹ שֶׁהָיוּ מִקֹּדֶם.

Após o tribunal de Rav Áshi, que foi o autor e organizador do Talmud (Bavli) durante o tempo de vida de seu filho, o povo de Israel continuou a ser dispersado por toda a extensão do mundo e, pelo que se sabe até em longínquas ilhas. Houveram também grandes guerras e, muitos caminhos pelos quais se poderia chegar até determinada comunidade foi fechado por exércitos e estas comunidades perderam contato com as outras. E o nível de dedicação ao estudo da Torá foi diminuindo cada vez mais e o povo de Israel parou de se reunir como antes em Ieshivot centro de estudos para estudarem juntos como dezenas de milhares fizeram em gerações passadas.

אֵלָא מִתְקַבְּצִים יְחִידִים הַשְּׂרִידִים אֲשֶׁר ה' קוֹרֶא בְּכָל עִיר וְעִיר וּבְכָל מְדִינָה וּמְדִינָה, וְעוֹסְקִים בַּתּוֹרָה, וּמְבִינִים בְּחִבּוּרֵי הַחֲכָמִים כֻּלָּם, וְיוֹדְעִים מֵהֶם דֶּרֶךְ הַמִּשְׁפָּט הֵיאַךְ הוּא.

Mas, alguns indivíduos, chamados pelos profetas, como Ioél 3:5 de remanescentes de Israel foram se reunindo, cada um em sua cidade, cada um em seu país e, continuaram estudando a Torá e a dominar o conhecimento das obras de todos os sábios, dos quais eles aprenderam os caminhos da Torá.

וְכָל בֵּית דִּין שֶׁעָמַד אַחַר הַתַּלְמוּד בְּכָל מְדִינָה וּמְדִינָה וְגָזַר אוֹ הִתְקִין אוֹ הִנְהִיג לִבְנֵי מְדִינָתוֹ, אוֹ לִבְנֵי מְדִינוֹת – לֹא פָשְׁטוּ מַעֲשָׂיו בְּכָל יִשְׂרָאֵל: מִפְּנֵי רֹחַק מוֹשְׁבוֹתֵיהֶם, וְשִׁבּוּשׁ הַדְּרָכִים; וֶהֱיוֹת בֵּית דִּין שֶׁלְּאוֹתָהּ הַמְּדִינָה יְחִידִים, וּבֵית דִּין הַגָּדוֹל שֶׁלְּשִׁבְעִים בָּטַל מִכַּמָּה שָׁנִים קֹדֶם חִבּוּר הַתַּלְמוּד.

Cada tribunal aonde questões de Torá eram decididas, em cada comunidade que foi instituído após o Talmud ter sido terminado; em quaisquer países: fez seus próprios decretos, tomou suas próprias decisões, instituiu suas próprias regulamentações e estabeleceu seus próprios costumes – de acordo com o país de cada um – porque a dispersão e a dificuldade de viagens não permitia outra forma. E também, aquele tribunal era considerado apenas de autoridade local, pois o Grande Tribunal (tal como os dos homens da grande assembleia) havia sido anulado a muitos anos, desde que o Talmud tinha sido concluído.

לְפִיכָּךְ אֵין כּוֹפִין אַנְשֵׁי מְדִינָה זוֹ לִנְהֹג בְּמִנְהַג מְדִינָה אַחֶרֶת, וְאֵין אוֹמְרִין לְבֵית דִּין זֶה לִגְזֹר גְּזֵרָה שֶׁגְּזָרָהּ בֵּית דִּין אַחֵר בִּמְדִינָתוֹ. וְכֵן אִם לִמַּד אֶחָד מִן הַגְּאוֹנִים שֶׁדֶּרֶךְ הַמִּשְׁפָּט כָּךְ הוּא, וְנִתְבָּאַר לְבֵית דִּין אַחֵר שֶׁעָמַד אַחֲרָיו שְׁאֵין זֶה דֶּרֶךְ הַמִּשְׁפָּט הַכָּתוּב בַּתַּלְמוּד – אֵין שׁוֹמְעִין לָרִאשׁוֹן, אֵלָא לְמִי שֶׁהַדַּעַת נוֹטָה לִדְבָרָיו, בֵּין רִאשׁוֹן, בֵּין אַחֲרוֹן.

Portanto, por este motivo não podemos impor sobre os que se identificam como parte do povo de Israel em países que se tornaram sua nova pátria que sigam os costumes da comunidade judaica de um outro país. Nem podemos dizer, a um tribunal i.e a uma comunidade judaica que estabeleceu um determinado decreto que mude, porque foi decidido diferente em outro tribunal, mesmo se forem no mesmo país. E também, se um dos rabinos, do período que chamamos de Gueonim (gênios – meados de 600 a 1300 EC) ensinaram um determinado caminho de se interpretar a Torá, e depois um outro tribunal entender de forma diferente também concluindo algo do que foi escrito no Talmud; não podemos seguir este último, mas o argumento que for mais convincente e isso, independentemente de ser baseado numa visão anterior ou posterior.

וּדְבָרִים הַלָּלוּ, בְּדִינִים וּגְזֵרוֹת וְתַקָּנוֹת וּמִנְהָגוֹת שֶׁנִּתְחַדְּשׁוּ אַחַר חִבּוּר הַתַּלְמוּד. אֲבָל כָּל הַדְּבָרִים שֶׁבַּתַּלְמוּד הַבַּבְלִי, חַיָּבִין כָּל בֵּית יִשְׂרָאֵל לָלֶכֶת בָּהֶם; וְכוֹפִין כָּל עִיר וְעִיר וְכָל מְדִינָה וּמְדִינָה לִנְהֹג בְּכָל הַמִּנְהָגוֹת שֶׁנָּהֲגוּ חֲכָמִים שֶׁבַּתַּלְמוּד, וְלִגְזֹר גְּזֵרוֹתָם וְלָלֶכֶת בְּתַקָּנוֹתָם.

Estas regras de interpretação aplicam-se a interpretações das leis, decretos rabínicos, regulamentos de comunidades e costumes locais; introduzidos após o término da redação do Talmud. Entretanto, todas as questõesmencionadas no Talmud Bavli são obrigatórias para todo o povo de Israel. Nós declaramos ser obrigatório a todas comunidades judaicas de todas as cidades em todos os países, que sigam os Sábios do Talmud, e mantenham o que já foi decidido por eles.

הוֹאִיל וְכָל אוֹתָן הַדְּבָרִים שֶׁבַּתַּלְמוּד הִסְכִּימוּ עֲלֵיהֶם כָּל יִשְׂרָאֵל, וְאוֹתָן הַחֲכָמִים שֶׁהִתְקִינוּ אוֹ שֶׁגָּזְרוּ אוֹ שֶׁהִנְהִיגוּ אוֹ שֶׁדָּנוּ דִּין וְלִמְּדוּ שֶׁהַמִּשְׁפָּט כָּךְ הוּא הֶם כָּל חַכְמֵי יִשְׂרָאֵל אוֹ רֻבָּן, וְהֶם שֶׁשָּׁמְעוּ הַקַּבָּלָה בְּעִיקְרֵי הַתּוֹרָה כֻּלָּהּ, אִישׁ מִפִּי אִישׁ עַד מֹשֶׁה רַבֵּנוּ.

Isto é devido ao fato de todos estes assuntos, tratados no Talmud, terem passado pelo consentimento de todo Israel no período dos grandes sábios e, todos os sábios que fizeram estas regulamentações ou decretaram algo por si mesmos, ou estabeleceram um tipo de costume, ou interpretação determinado trecho da Torá – todos estes Sábios de Israel, ou pelo menos a maioria deles – são daqueles que receberam a totalidade da Tradição, que foi preservada geração após geração, desde a época do profeta Moshe no Sinai.

כָּל הַחֲכָמִים שֶׁעָמְדוּ אַחַר חִבּוּר הַתַּלְמוּד וּבָנוּ בּוֹ, וְיָצָא לָהֶם שֵׁם בְּחָכְמָתָם – הֶם הַנִּקְרָאִים גְּאוֹנִים. וְכָל אֵלּוּ הַגְּאוֹנִים שֶׁעָמְדוּ בְּאֶרֶץ יִשְׂרָאֵל וּבְאֶרֶץ שִׁנְעָר וּבִסְפָרַד וּבְצָרְפַת לִמְּדוּ דֶּרֶךְ הַתַּלְמוּד וְהוֹצִיאוּ לָאוֹר תַּעֲלוּמוֹתָיו וּבֵאֲרוּ עִנְיָנָיו, לְפִי שֶׁדֶּרֶךְ עֲמוּקָה דַּרְכּוֹ עַד לִמְאוֹד. וְעוֹד שְׁהוּא בִּלְשׁוֹן אֲרַמִּי מְעֹרָב עִם לְשׁוֹנוֹת אֲחֵרוֹת, לְפִי שֶׁאוֹתָהּ הַלָּשׁוֹן הָיְתָה בְּרוּרָה לַכֹּל בְּשִׁנְעָר בָּעֵת שֶׁחֻבַּר הַתַּלְמוּד; אֲבָל בִּשְׁאָר הַמְּקוֹמוֹת וְכֵן בְּשִׁנְעָר בִּימֵי הַגְּאוֹנִים, אֵין אָדָם מַכִּיר אוֹתָהּ לָשׁוֹן עַד שֶׁמְּלַמְּדִים אוֹתוֹ.

Todos os sábios que viveram após o término da compilação do Talmud e o analisaram, fizeram um grande nome para si mesmos e por isso foram chamados Gueonim (gênios). E todos estes Gueonim, dos quais uns viveram em Israel, outros em Shinar (babilônia), Espanha, França, etc... ensinaram os caminhos de interpretação do Talmud; revelando seus mistérios e explicando seus detalhes. E isso foi necessário, pois seu conteúdo é muito difícil de entender sozinho. E também, estes mestres do Talmud escreveram em um dialeto Aramaico misturado com várias outras línguas o que exigia um amplo conhecimento de idiomas; porque o Aramaico era o vernáculo em Shinar no tempo da redação do Talmud. Mas em outros lugares, na época dos Gueonim, ninguém saberia este idioma, a menos que alguém lhe ensinasse.

וּשְׁאֵלוֹת רַבּוֹת שׁוֹאֲלִין אַנְשֵׁי כָּל עִיר וְעִיר לְכָל גָּאוֹן שֶׁיִּהְיֶה בִּימֵיהֶם לְפָרַשׁ לָהֶם דְּבָרִים קָשִׁים שֶׁבַּתַּלְמוּד, וְהֶם מְשִׁיבִים לָהֶם כְּפִי חָכְמָתָם; וְאוֹתָן הַשּׁוֹאֲלִין מְקַבְּצִין הַתְּשׁוּבוֹת, וְעוֹשִׂין מֵהֶן סְפָרִים לְהָבִין מֵהֶם.

O povo de cada cidade fazia muitas perguntas ao Gaon contemporâneo, pedindo explicações sobre as dificuldades encontradas na compreensão do Talmud. E os Gueonim respondiam de acordo com sua sabedoria. Os alunos então se reuniam, com livros de respostas (obras que receberam por isso o título de: Responsa) e estudavam estes livros.

גַּם חִבְּרוּ הַגְּאוֹנִים שֶׁבְּכָל דּוֹר וָדוֹר, חִבּוּרִין לְבָאַר הַתַּלְמוּד: מֵהֶם מִי שֶׁפֵּרַשׁ הֲלָכוֹת יְחִידוֹת, וּמֵהֶם מִי שֶׁפֵּרַשׁ פְּרָקִים יְחִידִים שֶׁנִּתְקַשּׁוּ בְּיָמָיו, וּמֵהֶם מִי שֶׁפֵּרַשׁ מַסֶּכְתּוֹת וּסְדָרִים.

Os Gueonim de cada geração também escreveram seus próprios livros, para explicar o Talmud. Alguns explicaram pequenas partes e outros, capítulos específicos que eram especialmente problemáticos a seus alunos. Outros explicaram tratados inteiros.

וְעוֹד חִבְּרוּ הֲלָכוֹת פְּסוּקוֹת, בְּעִנְיַן הָאָסוּר וְהַמֻּתָּר וְהַחַיָּב וְהַפָּטוּר, בִּדְבָרִים שֶׁהַשָּׁעָה צְרִיכָה לָהֶם, כְּדֵי שֶׁיִּהְיוּ קְרוֹבִין לְמַדַּע מִי שְׁאֵינוּ יָכוֹל לֵירַד לְעָמְקוֹ שֶׁלַּתַּלְמוּד. וְזוֹ הִיא מְלֶאכֶת ה' שֶׁעָשׂוּ בָּהּ כָּל גְּאוֹנֵי יִשְׂרָאֵל, מִיּוֹם שֶׁחֻבַּר הַתַּלְמוּד וְעַד זְמָן זֶה, שְׁהוּא שָׁנָה שְׁמִינִית אַחַר מֵאָה וְאֶלֶף לְחָרְבָּן.

E eles também decidiram leis, em questões temporárias a respeito do que é permitido, proibido, passível de punição ou de absolvição; para aqueles que não conseguia por si mesmos, derivar estas conclusões a partir do estudo do Talmud; a fim de que tenham um entendimento aproximado do saber que os sábios tiveram sobre as leis. Esta é a obra sagrada, com a qual todos os Gueonim de Israel se ocuparam, desde o término da compilação do Talmud até hoje 1108 anos após da destruição do Templo. (4939 CJ ou 1178 EC)

וּבַזְּמָן הַזֶּה תָּכְפוּ צָרוֹת יְתֵרוֹת, וְדָחֲקָה שָׁעָה אֶת הַכֹּל, וְאָבְדָה חָכְמַת חֲכָמֵינוּ, וּבִינַת נְבוֹנֵינוּ נִסְתַּתְּרָה; לְפִיכָּךְ אוֹתָן הַפֵּרוּשִׁין וְהַתְּשׁוּבוֹת וְהַהֲלָכוֹת שֶׁחִבְּרוּ הַגְּאוֹנִים, וְרָאוּ שְׁהֶם דְּבָרִים מְבֹאָרִים, נִתְקַשּׁוּ בְּיָמֵינוּ, וְאֵין מֵבִין עִנְיְנֵיהֶם כָּרָאוּי אֵלָא מְעַט בְּמִסְפָּר. וְאֵין צָרִיךְ לוֹמַר, הַתַּלְמוּד עַצְמוֹ: הַבַּבְלִי, וְהַיְּרוּשְׁלְמִי, וְסִפְרָא, וְסִפְרֵי, וְהַתּוֹסֶפְתּוֹת – שְׁהֶן צְרִיכִין דַּעַת רְחָבָה וְנֶפֶשׁ חֲכָמָה וּזְמָן אָרוּךְ, וְאַחַר כָּךְ יִוָּדַע מֵהֶן הַדֶּרֶךְ הַנְּכוֹחָה בַּדְּבָרִים הָאֲסוּרִין וְהַמֻּתָּרִין וּשְׁאָר דִּינֵי תּוֹרָה הֵיאַךְ הִיא.

E agora que as calamidades são muitas e frequentes, os tempos são difíceis e destrutivos. A sabedoria dos nossos mestres está se perdendo e a inteligência de nossos estudiosos está se ocultando de nós. Portanto, as explicações, respostas, leis registradas pelos Gueonim vão se tornando cada vez mais difíceis de decifrar. Apenas poucos indivíduos conseguem compreendeu seu conteúdo. Nem preciso dizer que [menos ainda] compreendem o Talmud propriamente dito: O Bavli ou de Jerusalém, a Sifrá, o Sifrê e as Tosseftas – pois todos estes livros exigem uma mente sã, uma alma sábia, e muito tempo de dedicação; antes de uma pessoa ser capaz de concluir algo a partir deles, sobre o que é correto em questões daquilo que a Torá declara como permitido, proibido quer dizer sobre a totalidade das leis da Torá.

וּמִפְּנֵי זֶה נָעַרְתִּי חָצְנִי, אֲנִי מֹשֶׁה בֵּירִבִּי מַיְמוֹן הַסְּפָרַדִּי, וְנִשְׁעַנְתִּי עַל הַצּוּר בָּרוּךְ הוּא, וּבִינוֹתִי בְּכָל אֵלּוּ הַסְּפָרִים; וְרָאִיתִי לְחַבַּר דְּבָרִים הַמִּתְבָּרְרִים מִכָּל אֵלּוּ הַחִבּוּרִין, בְּעִנְיַן הָאָסוּר וְהַמֻּתָּר וְהַטָּמֵא וְהַטָּהוֹר עִם שְׁאָר דִּינֵי תּוֹרָה: כֻּלָּן בְּלָשׁוֹן בְּרוּרָה וְדֶרֶךְ קְצָרָה, עַד שֶׁתְּהֶא תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה כֻּלָּהּ סְדוּרָה בְּפִי הַכֹּל – בְּלֹא קֻשְׁיָה וְלֹא פֵּרוּק, וְלֹא זֶה אוֹמֵר בְּכֹה וְזֶה אוֹמֵר בְּכֹה, אֵלָא דְּבָרִים בְּרוּרִים קְרוֹבִים נְכוֹנִים, עַל פִּי הַמִּשְׁפָּט אֲשֶׁר יִתְבָּאַר מִכָּל אֵלּוּ הַחִבּוּרִין וְהַפֵּרוּשִׁין הַנִּמְצָאִים מִיְּמוֹת רַבֵּנוּ הַקָּדוֹשׁ וְעַד עַכְשָׁו.

É por este motivo que eu, Moshe filho do rabino Maimom o Espanhol, decidi tomar uma atitude. Eu me apoio do Criador e na análise que fiz de todas estas obras. Eu achei necessário escrever sobre as conclusões, derivadas destas obras; os temas permitidos e proibidos, puro e impuro e todas as leis restantes da Torá. Tudo será escrito aqui de forma lúcida, linguagem breve, de modo que todas as pessoas consigam também, ser bem versadas na totalidade da Torá Oral – sem o processo de “perguntas e respostas” típico do Talmud e sem o processo de interpretar textos construídos como “este diz isso e aquele diz aquilo” o processo de debates do Talmud. Ao invés disto, escrevo que forma clara, acessível, de forma correta, seguindo as leis tal qual foram destiladas de todos os livros e comentários criados desde o tempo do Rabino Iehudá, nosso sagrado mestre, até hoje.

עַד שֶׁיִּהְיוּ כָּל הַדִּינִין גְּלוּיִין לַקָּטָן וְלַגָּדוֹל בְּדִין כָּל מִצְוָה וּמִצְוָה, וּבְדִין כָּל הַדְּבָרִים שֶׁתִּקְּנוּ חֲכָמִים וּנְבִיאִים: כְּלָלוֹ שֶׁלַּדָּבָר, כְּדֵי שֶׁלֹּא יְהֶא אָדָם צָרִיךְ לְחִבּוּר אַחֵר בָּעוֹלָם בְּדִין מִדִּינֵי יִשְׂרָאֵל; אֵלָא יִהְיֶה חִבּוּר זֶה מְקַבֵּץ לְתוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה כֻּלָּהּ, עִם הַתַּקָּנוֹת וְהַמִּנְהָגוֹת וְהַגְּזֵרוֹת שֶׁנַּעֲשׂוּ מִיְּמוֹת מֹשֶׁה רַבֵּנוּ וְעַד חִבּוּר הַתַּלְמוּד, וּכְמוֹ שֶׁפֵּרְשׁוּ לָנוּ הַגְּאוֹנִים בְּכָל חִבּוּרֵיהֶן, שֶׁחִבְּרוּ אַחַר הַתַּלְמוּד. לְפִיכָּךְ קָרָאתִי שֵׁם חִבּוּר זֶה מִשְׁנֵה תּוֹרָה – לְפִי שֶׁאָדָם קוֹרֶא תּוֹרָה שֶׁבִּכְתָב תְּחִלָּה, וְאַחַר כָּךְ קוֹרֶא בְּזֶה, וְיוֹדֵעַ מִמֶּנּוּ תּוֹרָה שֶׁבְּעַל פֶּה כֻּלָּהּ, וְאֵינוּ צָרִיךְ לִקְרוֹת סֵפֶר אַחֵר בֵּינֵיהֶם.

Deste modo, o significado de todas as leis, serão revelados até para crianças e igualmente adultos; sobre as regras de cada um dos mandamentos e as leis sobre todos os assuntos estabelecidos pelos sábios e pelos profetas. Enfim: Meu propósito neste livro, é tal que o indivíduo não tenha necessidade de nenhum outro livro sobre as Leis de Israel; mas, [que consiga por meio desse livro compreender] toda Torá Oral – seus regulamentos, costumes e decretos, tal como foram estabelecidos desde os tempos de Moshe até a compilação do próprio Talmud, como os Gueonim explicaram em suas obras, escritas após aquele período. É por este motivo que intitulei esta obra de Mishneh Torá (a segunda – em relação – a Torá) – porque se alguém ler primeiro a Torá Escrita e depois, ler este livro; saberá toda a Torá Oral sendo capaz de praticar a Torá Escrita e não precisará ler nenhum outro livro.

וְרָאִיתִי לְחַלַּק חִבּוּר זֶה הֲלָכוֹת הֲלָכוֹת בְּכָל עִנְיָן וְעִנְיָן, וַאֲחַלַּק הַהֲלָכוֹת לִפְרָקִים שֶׁבְּאוֹתוֹ עִנְיָן; וְכָל פֵּרֶק וּפֵרֶק אֲחַלַּק אוֹתוֹ לַהֲלָכוֹת קְטַנּוֹת, כְּדֵי שֶׁיִּהְיוּ סְדוּרִין עַל פֶּה.

E achei adequado dividir este trabalho, por leis relacionadas a cada assunto. E dividirei as leis em capítulos, relacionados a seus respectivos assuntos. E em todo capítulo eu vou subdividir em regras menores, para que fique mais fácil de memorizar.

אֵלּוּ הַהֲלָכוֹת שֶׁבְּכָל עִנְיָן וְעִנְיָן – יֵשׁ מֵהֶן הֲלָכוֹת שְׁהֶן מִשְׁפְּטֵי מִצְוָה אַחַת בִּלְבָד, וְהִיא הַמִּצְוָה שֶׁיֵּשׁ בָּהּ דִּבְרֵי קַבָּלָה הַרְבֵּה וְהִיא עִנְיָן בִּפְנֵי עַצְמוֹ; וְיֵשׁ מֵהֶן הֲלָכוֹת שְׁהֶן כּוֹלְלִין מִשְׁפְּטֵי מִצְווֹת הַרְבֵּה, אִם יִהְיוּ אוֹתָן הַמִּצְווֹת כֻּלָּן בְּעִנְיָן אֶחָד: מִפְּנֵי שֶׁחִלּוּק חִבּוּר זֶה הוּא לְפִי הָעִנְיָנִים לֹא לְפִי מִנְיַן הַמִּצְווֹת, כְּמוֹ שֶׁיִּתְבָּאַר לַקּוֹרֶא בּוֹ.

Estas leis, de cada assunto – são as leis que pertencem a categoria de um determinado Mandamento, e este mandamento, terá muitas tradições relacionadas, fazendo parte de seu próprio tema. E outras leis podem incluir muitos Mandamentos. E se não houver mandamentos relacionados a um tema comum – será porque a divisão deste trabalho segue de acordo com o tema, e não de acordo com a quantidade de mandamentos, como será esclarecido ao leitor.

וּמִנְיַן מִצְווֹת שֶׁלַּתּוֹרָה הַנּוֹהֲגוֹת לְדוֹרוֹת, שֵׁשׁ מֵאוֹת וּשְׁלוֹשׁ עֶשְׂרֵה מִצְווֹת: מֵהֶן מִצְווֹת עֲשֵׂה מָאתַיִם שְׁמוֹנֶה וְאַרְבָּעִים, סִימָן לָהֶן מִנְיַן אֵבָרָיו שֶׁלָּאָדָם; וּמֵהֶן מִצְווֹת לֹא תַעֲשֶׂה שְׁלוֹשׁ מֵאוֹת חָמֵשׁ וְשִׁשִּׁים, סִימָן לָהֶן מִנְיַן יְמוֹת הַחַמָּה.

E o número total de Mandamentos da Torá, que devem ser observados pelo povo de Israel por suas gerações é de: 613. Destes, temos 248 mandamentos positivos ordens. O número 248 simboliza o número dos membros de uma pessoa. E do restante, temos 365 mandamentos negativos proibições. O número 365 simboliza os dias de um ano solar.