INTRODUÇÃO
Este livro foi escrito com um único propósito: revelar o caminho da Verdadeira Chassidut, mostrar que é possível viver uma vida de integridade, pureza e serviço a Hashem, mesmo em meio a dificuldades e provações.
Àqueles que caminham nas sombras,
mas não desistem da luz.
Aos que choram em silêncio,
e mesmo assim continuam rezando.
Aos que buscam Hashem não por costume,
mas por sede de Verdade.
Aos que foram julgados, esquecidos ou difamados,
e ainda assim guardam no peito a chama da Emet.
A este pequeno rebanho —
os que não temem ser poucos,
os que preferem a dor da Verdade
ao conforto da mentira —
dedico estas páginas.
A Verdadeira Chassidut não se mede por títulos, vestes ou aparência exterior, mas pelo coração que busca a Emet, a Verdade interior, e se esforça incessantemente para se aproximar do Criador. É uma luz que brilha na alma, mesmo quando o mundo olha de lado e duvida, zombando ou caluniando.
O exemplo do Tzadei Emet, cujo relato está narrado neste livro, nos mostra que é possível permanecer firme diante das provações, mesmo quando falsidade e calúnia surgem ao redor. Sua vida nos ensina que o verdadeiro Chassid não busca reconhecimento humano; ele caminha com coragem e paciência na estrada da Emet, sabendo que cada ação correta, cada estudo da Torá, cada prece sincera, é vista e recompensada pelo Céu.
Ao percorrer estas páginas, o leitor será tocado pelo chamado silencioso da alma: retornar a si mesmo, reconhecer sua pureza, fortalecer seu serviço a Hashem e caminhar com coragem na senda da Verdade. Este livro não é apenas um relato histórico, mas um guia espiritual, uma chave para despertar o amor e o temor de D’us, mostrando que toda pessoa pode elevar sua alma e iluminar o mundo através da Emet.
Que aqueles que abrirem este livro possam sentir o fogo da Chassidut de Kotzk, o ardor da Emet que não se curva diante de mentiras ou olhares humanos, e encontrem inspiração para realizar Teshuvá, purificar suas midot e servir a Hashem com um coração sincero e livre.
Pois a Emet é o caminho, e somente através dela é possível servir ao Criador em plenitude.
O Tzadei Emet é um Kotzker contemporâneo, cuja vida mostra que a verdadeira chassidut não se mede por títulos ou roupas, mas por fidelidade absoluta à verdade, ao serviço de Hashem e à pureza da alma. A história que o leitor encontrará nestas páginas não é apenas o relato de uma vida; é o espelho de uma geração que, em meio à confusão e à pressa, esqueceu o que significa ser Chassid be’emet — um servo da Verdade.
Em um tempo em que a aparência substituiu a essência e a religião se tornou, muitas vezes, palco de vaidade, o exemplo do Tzadei Emet surge como uma lembrança viva de que a santidade não está nas roupas, mas no coração; não está nos títulos, mas na transparência da alma.
Em um tempo em que a aparência substituiu a essência e a religião se tornou, muitas vezes, palco de vaidade, o exemplo do Tzadei Emet surge como uma lembrança viva de que a santidade não está nas roupas, mas no coração; não está nos títulos, mas na transparência da alma.
Este livro é um chamado à Teshuvá — um retorno não apenas às práticas, mas à pureza da intenção.
É um convite àqueles que sentem que o fogo da fé se apagou sob o peso das convenções e da hipocrisia, para reacenderem a chama interior, o ner tamid — a luz eterna que Hashem acendeu dentro de cada um de nós.
É um convite àqueles que sentem que o fogo da fé se apagou sob o peso das convenções e da hipocrisia, para reacenderem a chama interior, o ner tamid — a luz eterna que Hashem acendeu dentro de cada um de nós.
O caminho do Tzadei Emet foi feito de lágrimas e coragem.
Ele caminhou por vielas de Jerusalém com fome e vergonha, mas com o coração aceso pela Emet.
Foi caluniado, humilhado, desprezado — mas jamais mentiu, jamais deixou de amar o Criador e o seu povo, jamais trocou o silêncio da Verdade pelo conforto da aceitação.
Sua vida ensina que a verdadeira Chassidut não é esconder-se atrás de dogmas, mas revelar Hashem em cada gesto, em cada palavra, em cada olhar.
Ele caminhou por vielas de Jerusalém com fome e vergonha, mas com o coração aceso pela Emet.
Foi caluniado, humilhado, desprezado — mas jamais mentiu, jamais deixou de amar o Criador e o seu povo, jamais trocou o silêncio da Verdade pelo conforto da aceitação.
Sua vida ensina que a verdadeira Chassidut não é esconder-se atrás de dogmas, mas revelar Hashem em cada gesto, em cada palavra, em cada olhar.
Ser Chassid é viver com autenticidade — é não temer ser visto como “estranho”, “diferente” ou “fora do padrão”.
Aquele que serve a Hashem com Emet está sempre sozinho, pois a Verdade não busca aplausos, busca coerência.
O Tzadei Emet nos mostra que o preço da verdade é alto, mas o valor da mentira é a perda da alma.
Aquele que serve a Hashem com Emet está sempre sozinho, pois a Verdade não busca aplausos, busca coerência.
O Tzadei Emet nos mostra que o preço da verdade é alto, mas o valor da mentira é a perda da alma.
Cada geração precisa de vozes que lembrem que o serviço divino não é feito de teatralidade, mas de coração quebrado diante do Criador.
As páginas deste livro não pretendem apenas contar uma história; pretendem despertar o leitor.
Pois a verdadeira Chassidut não se aprende apenas com livros — ela se absorve como fogo vivo, pela sinceridade e pelo exemplo.
As páginas deste livro não pretendem apenas contar uma história; pretendem despertar o leitor.
Pois a verdadeira Chassidut não se aprende apenas com livros — ela se absorve como fogo vivo, pela sinceridade e pelo exemplo.
Se, ao terminar esta leitura, uma alma se voltar a Hashem com mais verdade, mais humildade e mais coragem para ser o que é diante d’Ele — então, o propósito deste livro estará cumprido.
Pois a Emet é o caminho,
e somente através dela é possível servir ao Criador em plenitude.
e somente através dela é possível servir ao Criador em plenitude.
Ribbono shel Olam,
Rachmana de’alma, Pai de compaixão que habita nos céus e em cada coração que O busca,
Tu que és Or Ein Sof, Luz sem limites, que resplandece até nos recantos ocultos do homem,
olha para este pequeno esforço —
estas palavras escritas não por mérito, mas por anseio.
Rachmana de’alma, Pai de compaixão que habita nos céus e em cada coração que O busca,
Tu que és Or Ein Sof, Luz sem limites, que resplandece até nos recantos ocultos do homem,
olha para este pequeno esforço —
estas palavras escritas não por mérito, mas por anseio.
Não escrevo para ensinar, pois quem sou eu para ensinar Teus filhos?
Mas escrevo para lembrar,
para despertar as almas adormecidas no exílio do Olam HaSheker,
e reconduzi-las ao brilho da Neshama Elokit que nelas vive, mesmo sob o pó do esquecimento.
Mas escrevo para lembrar,
para despertar as almas adormecidas no exílio do Olam HaSheker,
e reconduzi-las ao brilho da Neshama Elokit que nelas vive, mesmo sob o pó do esquecimento.
Tu sabes, Tatte, quantas lágrimas se misturam a estas letras,
quantas noites em silêncio, quantas dúvidas e quedas.
Mas também sabes que o coração que busca a Emet
jamais se perde — mesmo quando tropeça nas trevas.
quantas noites em silêncio, quantas dúvidas e quedas.
Mas também sabes que o coração que busca a Emet
jamais se perde — mesmo quando tropeça nas trevas.
Hashem,
que quem quer que leia estas palavras não veja um homem,
mas uma faísca da Verdade que vem de Ti.
Que desperte dentro de cada leitor um eco antigo,
como está escrito:
—
“Guardarás estas palavras que hoje te ordeno sobre o teu coração.”
que quem quer que leia estas palavras não veja um homem,
mas uma faísca da Verdade que vem de Ti.
Que desperte dentro de cada leitor um eco antigo,
como está escrito:
—
“Guardarás estas palavras que hoje te ordeno sobre o teu coração.”
Esta escrito “Sobre teu Coração” não ‘dentro’ pois é na porta do coração que repousa a lembrança,
e quando a lembrança é despertada,
a alma volta ao seu caminho —
retorna à Emet.
e quando a lembrança é despertada,
a alma volta ao seu caminho —
retorna à Emet.
Que este livro não seja mais um volume de histórias Chassidicas,
mas um espelho onde cada alma veja sua raiz,
e através do reflexo puro encontre o caminho da Teshuvá.
mas um espelho onde cada alma veja sua raiz,
e através do reflexo puro encontre o caminho da Teshuvá.
Que a Teshuvá que venha seja doce,
não através do medo, mas a do amor,
não através do peso, mas a da leveza de retornar ao lar.
não através do medo, mas a do amor,
não através do peso, mas a da leveza de retornar ao lar.
E quando as palavras terminarem,
que reste apenas o silêncio —
o mesmo silêncio onde se ouve o Nome Inefável,
onde tudo se desfaz na simplicidade do Emet.
que reste apenas o silêncio —
o mesmo silêncio onde se ouve o Nome Inefável,
onde tudo se desfaz na simplicidade do Emet.
PASSOS PERANTE A VERDADE
O Rav Ha-Tzadik nasceu em uma família cujos pais não eram religiosos.
Alguns anos depois, porém, fizeram Teshuvá, retornando às raízes da fé e à luz da tradição.
Desde sua chegada, o Tzadik carregou o peso da sua linhagem — neto de um Rebe —
e, ao mesmo tempo, a marca do que muitos consideravam diferente.
Aos dezenove anos, deixou o seu lugar natal e chegou a Israel,
cheio de esperança em estudar Torah e conectar-se à santidade de seus antepassados.
Mas logo descobriu que o mundo podia ser mais cruel do que imaginara.
Nas yeshivot em que estudou, muitos colegas mostraram o lado sombrio do homem.
Chamavam-no
de mamzer — bastardo —,
insinuando impureza em sua origem e zombando de suas roupas e maneiras.
Para aqueles jovens que não eram Hassídicos,
ver um rapaz como ele, com Gartel e olhar ardente de fé,
parecia algo estranho — quase uma afronta,
como se quisesse parecer mais santo que todos os outros.
Em algumas dessas escolas, a crueldade não ficou apenas nas palavras.
Vieram as agressões, o isolamento, a humilhação.
Mas o Tzadei Emes não desistiu — nem da fé, nem da verdade, nem da herança que pulsava em seu coração.
Nos corredores frios e úmidos daquelas yeshivot,
ele encontrou alguns poucos companheiros — almas sinceras,
que não zombavam, que buscavam Emes e Avodat Hashem com pureza.
A esses, o Rebe chamou de Chassidim HaEmes —
os Chassidim da Verdade.
Seguiam uma santidade que não se media pelo olhar do mundo,
mas pela retidão do coração, pelo temor de D’us,
e pela fidelidade à mesorah dos seus antepassados.
Juntos, em segredo, estudavam, rezavam e cantavam nigunim antigos,
melodias que haviam atravessado séculos e lágrimas.
Na penumbra da perseguição, criaram um pequeno refúgio —
uma fogueira invisível acesa pela alma de Kotzk.
O Tzadik cresceu entre zombarias e insultos,
mas também entre essa minoria luminosa, que compreendia o peso da linhagem de Kotzk,
o valor da santidade e a dor de carregar uma herança quase esquecida.
A cada passo, sentia o eco dos Tzadikim antigos,
e o fogo do Rebe de Kotzk queimava silencioso dentro dele —
um fogo que não consome, mas revela.
Mesmo quando o mundo riu, o chamou de mamzer,
ou tentou esmagar sua alma,
o Tzadei Emes permaneceu firme, construindo seu próprio caminho espiritual,
entre a dor, a humilhação e a glória da Verdade —
uma Verdade que apenas seus Chassidim HaEmes conseguiam enxergar.
Isolado entre mundos, incompreendido,
mas cercado por um pequeno círculo de almas fiéis,
o Rebe tornou-se uma chama viva de Kotzk —
uma luz que nem o escárnio, nem a solidão,
nem a crueldade puderam apagar.
Um dia, depois de muitas zombarias e olhares frios,
um dos jovens, com o coração despedaçado, aproximou-se do Rebe.
Os olhos estavam marejados, e a voz — trêmula, quase quebrada — perguntou:
— Rebbe... então o Tzadik disse "assim eles me chamam, mas não me veem."
Eu me visto diferente, não uso o preto e o branco deles...
Gosto das cores, das roupas que me lembram alegria...
Mas eles me olham como se eu fosse outro povo.
Dizem que eu não sou como eles...
Rebbe, será que passei a ser goy por que me visto diferente?
Será que Hashem também me separa?
O Tzadik olhou para ele longamente.
Silêncio. Um silêncio que doía mais que mil palavras.
Ele percebia que aquele rapaz não era o único —
atrás daquela voz tremiam milhares de almas feridas,
rejeitadas por tentarem servir a Hashem à sua maneira.
Uma inspiração santa surgiu em seu peito, e o Tzadik disse:
O mundo não gira em torno de nós. Se alguém nota algo de errado no outro, é possível que essa pessoa tenha percebido isso porque também possui essa mesma má qualidade. Por isso, não devemos julgar os demais; sempre temos coisas a melhorar em nós mesmos.
Devemos buscar constantemente o aprimoramento das nossas Midot — qualidades. Se são ruins, devemos corrigi-las; se são boas, devemos aperfeiçoá-las. Cada ser humano foi criado com um papel essencial neste mundo, e todos têm um propósito: revelar cada vez mais a luz divina que existe em si, até que a escuridão seja totalmente dissipada.
Então o rapaz, com a voz embargada e os olhos marejados, respondeu:
— Mas Rebe… eu não julgo os outros,
eu nunca os persegui… e eles me perseguem!
Eu não rio de ninguém, e mesmo assim sou o motivo das risadas.
Será que sou eu quem não enxerga direito?
Eu sei… eu sei que não sou melhor que ninguém.
Mas por que, Rebe, o coração deles se fecha para mim?
O Tzadik ficou em silêncio por um instante.
O vento da noite parecia escutar junto.
E então, com uma voz suave, que parecia vir de outro mundo, ele disse:
Quando estamos sozinhos em um quarto e alguém acende um fósforo, por menor que seja a chama, conseguiremos enxergar as formas ao nosso redor e nos localizar no espaço. Quanto mais fósforos forem acesos, mais clara será a visão, e o quarto deixará de estar escuro. Assim também, se cada um de nós se esforçar para acender esses "fósforos" — que se acendem através da Torá, Mitzvot e boas ações — teremos um mundo completamente iluminado. Cada fósforo aceso aqui embaixo será eternizado lá em cima.
O mundo teme o que não entende.
Aqueles que zombam de ti não riem de ti —
riem do pequeno fosforo que a tua pureza acende neles.
Quando uma alma vive com Emes, com verdade,
ela se torna um fósforo, e muitos não suportam ver a sombra de seus pecados.
Esse fósforo é o Yidishkeit, a alma judaica, que às vezes está apagada e precisa ser reacendida. Sua única forma de reacendi mento é através do fogo verdadeiro, que começa na Torá santa. A melhor Midah que alguém pode ter é a Emet — a verdade. Com essa qualidade, não teremos medo de nada nem de ninguém, exceto de D’us, e poderemos aprimorar-nos continuamente. Quando atuamos com verdade, podemos realmente ser quem deveríamos ser. Rav Zushe costumava dizer:
— “Se, quando eu chegar ao céu, me perguntarem: ‘Por que você não foi AvrahamAvinu?’ ou ‘Por que você não foi Moshe Rabeinu?’, isso não me inquietará; saberei o que responder, porque não sou nenhum dos dois e não cheguei ao seu nível. Minha grande preocupação é se me perguntarem: ‘Por que você não foi Zushe?’ — a isso não terei resposta!”
Não podemos anular nosso “eu” diante dos demais.
Imagine se Caleb e Yehoshua ben Nun tivessem medo dos outros espiões e ficassem calados.
Teriam recebido a sua porção na Terra de Israel? Certamente não!
Eles foram minoria — dois contra dez —,
mas permaneceram firmes na verdade, mesmo quando o povo inteiro se levantou contra eles.
E não obstante, o povo pegou pedras para assassinar Moshe e Aharon!
A verdade sempre desperta a fúria de quem vive na ilusão.
A luz pura ofusca os olhos acostumados à escuridão.
Lembra-te: até Yosef HaTzadik foi jogado no poço pelos próprios irmãos —
não porque era mau,
mas porque brilhava demais.
E o brilho dos justos incomoda os que vivem à sombra.
Mas aquele que, como Yosef, Caleb e Yehoshua,
mantém-se fiel à voz de D’us mesmo quando todos o rejeitam,
esse é o verdadeiro Chassid —
um servo da Verdade, cuja força vem do Alto,
e cuja recompensa é eterna.
Em Nossa jornada sobre Chassidut e comportamento, devemos entender quem somos, o que somos, para que ou para quem existimos, e por que fazemos o que fazemos. É necessário compreender todos os aspectos de nossa personalidade, caráter, entendimento e consciência. Dessa forma, poderemos moldar e redirecionar nossas vidas de maneira saudável e proveitosa.
Em um nível mais prático, devemos buscar compreender como funcionam nossos hábitos, fala e ações. Com uma análise interna e pessoal, podemos descobrir os motivos por trás de nossas atitudes e entender as consequências delas. O primeiro Rebbe dizia:
"Eu sou eu porque sou eu, e você é você porque é você. Mas se eu sou eu porque você é você, então eu não sou, e você não é você."
Claramente, vemos como indivíduos fúteis baseiam sua existência nos outros, sem personalidade própria, tornando-se apenas uma cópia de cópias de outras pessoas. O problema não é copiar em si — não podemos criar algo totalmente novo, apenas aprimorar o que existe — mas sim basear nossa existência na dos outros. Se fazemos isso, e a pessoa na qual nos baseamos também depende de nós, então nenhum de nós realmente existe.
Aqueles que desejam manter a integridade da alma devem manter a integridade de suas ações e pensamentos. Quem muda de ponto de vista rapidamente, sem convicção própria, não terá força para se desenvolver. Por isso é importante entender quem somos de verdade e não nos enganarmos.
O ser humano tende a se enganar a si mesmo; por isso, devemos lutar constantemente, buscando a verdade. Não devemos mentir, nem omitir, e devemos ser transparentes ao ponto de quase desaparecer.
Com que propósito foi criado o homem?
Rabino Mendel de Kotzk perguntou certa vez a seu discípulo Rabino Yaakov de Radzimin:
— “Yaakov, para que propósito o homem foi criado?”
Ele respondeu:
— “Para aperfeiçoar sua alma.”
O zaddik disse:
— “Não, Yaakov! O homem foi criado para elevar os Céus.”
Antes de explorarmos o tema da bondade, devemos entender que existem dois tipos de boas pessoas: aquelas que fazem o bem ativamente e aquelas que são boas porque não fazem o mal. Segundo o Rebbe, uma boa pessoa é aquela que quer ser boa. Um de seus alunos perguntou:
— “Quem é um bom judeu?”
— “Um judeu bom é aquele que quer ser um bom judeu!” — respondeu o Rebbe.
— “Mas, Rebbe, qual judeu não quer ser bom?”
— “Aquele que pensa que já é bom.”
O bem depende da ação. Uma pessoa que não faz nada não pode ser considerada realmente boa. Uma boa pessoa aos olhos dos outros pode parecer boa porque segue as leis da Torá, não comete pecados nem transgressões. Mas isso é ser bom de forma passiva. Aqueles que agem com Chesed, piedade e caridade, buscando ativamente fazer o bem, tornam-se realmente bons.
Estamos em Olam Atziah, o mundo da ação. Se não agirmos aqui, não alcançaremos o que nos espera no mundo superior. O homem é um reflexo do mundo lá de cima; aquilo que falta aqui reflete o que falta lá. Hashem nos deu a Torá e o Chesed para que possamos agir neste mundo, refletindo a luz superior e formando novas realidades.
O verdadeiro Chassid não é definido por um casaco preto, gartel ou chapéu de pele, mas por fazer o bem aos outros e compartilhar o que D’us proporciona. Sobre um grande rabino, dizia-se:
— “Esse é um Tzaddik com casaco de pele.”
Seus discípulos perguntaram o que ele queria dizer:
— “Um homem compra um casaco no inverno, outro compra gravetos. Qual a diferença? O primeiro aquece a si mesmo; o segundo, aquece também os outros.”
A Torá é a chama que aquece o coração de cada judeu. Esse calor pode ser de um casaco ou de uma fogueira, dependendo da intenção do judeu. Alguém pode ser Tzadik em casaco de pele, mas nunca será um verdadeiro Chassid sem “queimar seu casaco” — ou seja, sem compartilhar essa luz com os outros.
O Chassid deve seguir os passos do Rebbe, mas não de forma cega; deve imitar o exemplo do rabino, aplicando os ensinamentos com devoção. Um Tzadik que estuda apenas para si é egoísta. A Torá não foi dada apenas a Moshe, mas a todo o povo judeu. Esta é a grandeza de Moshe: transmitir a Torá para todos.
Muitos buscavam Kotzk para se tornarem grandes chassidim, atraídos pela rigidez da Chassidut. Mas em Kotzk, os chassidim buscavam a verdade acima de tudo. Não buscavam autoengrandecimento, mas o bem completo do povo judeu. Por que alguém quer ser chassídico? Pela verdade! E a verdade pode ser encontrada fora da chassidut também. O verdadeiro Chassid busca o bem do povo judeu sem ganho pessoal, estritamente pelo bem.
Houve um tempo em que o Tzadei Emes foi visitar um homem que muitos chamavam de justo — um Ger Tzedek, conhecido por sua aparência piedosa e por palavras que soavam como temor do Céu.
Ele morava em Haturim, perto da rua Yaffo, em Jerusalém, onde as pedras antigas testemunhavam segredos de almas e provações.
O Tzadei Emes foi até sua casa, levado por um sentimento de respeito e compaixão.
O homem o recebeu com cortesia, ofereceu-lhe água e um assento.
Tudo parecia sincero — mas sob a superfície, havia algo frio, uma ausência de vida interior.
Pois o homem falava de pureza, mas o olhar julgava; citava versículos, mas o coração media os outros com régua de vaidade.
Ali, o Tzadei Emes contou-lhe as dores da yeshivá — as zombarias, os insultos, o desprezo dos que se diziam tementes a D’us.
O Ger Tzedek respondeu com aparente empatia:
“Conheço aquele lugar; há lá falsidade e contenda. Deves mudar de yeshivá. Eu posso te ajudar.”
O Tzadei Emes agradeceu.
Mas o tempo passou, e ele permaneceu onde estava — sem meios, e talvez sentindo, nas profundezas de sua alma, que não era ali que o Eterno queria que ele estivesse.
Os sofrimentos cresceram, e um dia, após ter sido ferido por um bachur invejoso, buscou refúgio novamente na casa do Ger Tzedek.
Ficou ali dois dias — tempo suficiente para perceber que aquele homem, embora vestisse as roupas da fé, não conhecia o sabor da Emunah.
Falava como quem teme D’us, mas vivia como quem teme apenas o olhar dos homens. O Tzadei Emes partiu dali em silêncio.
Mas o mal não dorme.
De longe, o Ger "Tzedek" ouviu que o Tzadik prosperava em Torah e encontrou graça diante dos que amavam a verdade.
A inveja, que é a ruína dos falsos justos, inflamou-lhe o coração.
E ele começou a espalhar calúnias — que o Tzadei Emes não era judeu, chas veshalom.
A mentira viajou veloz, e muitos, por fraqueza ou ignorância, acreditaram.
O Tzadei Emes mostrou documentos e testemunhos, mas seu olhar dizia mais que o papel —
pois quem o via rezar, estudar, viver com pureza, sabia que ali ardia uma alma de Israel.
O rumor não caiu — espalhou-se como poeira em vento quente, e o vento soprava contra o justo.
A língua dos homens é uma lâmina, e poucos sabem o peso de uma palavra.
As perguntas começaram a ferir como setas:
“És judeu mesmo?”
“De onde vens?”
“Quem te converteu?”
Cada olhar era um julgamento, cada sorriso — uma dúvida disfarçada.
O Tzadei Emes, cuja alma se sustentava da luz da Verdade, começou a fraquejar.
Não por falta de fé, mas por esgotamento —
pois até o mais puro necessita de ar,
e o ar da maledicência tornou-se pesado demais.
Perdeu o trabalho — já não havia forças para responder a tantas suspeitas.
E a fome chegou.
O corpo enfraqueceu, e o Tzadik, outrora cheio de vigor, tornou-se sombra.
Durante um mês, vagou pelas ruas de Jerusalém.
Dormia sob arcadas e junto a muros silenciosos,
rezava baixinho nas madrugadas frias e pedia apenas uma coisa: que a verdade não morresse dentro dele.
Os passantes o olhavam com estranheza.
Alguns o evitavam; outros, sem compreender, julgavam-no louco.
Mas o Céu via.
E cada lágrima derramada em segredo subia como incenso puro diante do Trono.
Certa noite, sob o portão de Sha’arei HaChesed, ele murmurou:
“Ribono Shel Olam… se esta é Tua vontade, que assim seja.
Que eu me torne pó, mas que Teu Nome permaneça íntegro em mim.”
Foi então que ouviu falar de um homem justo —
Rav Pinchas Gutferb, um erudito oculto, descendente dos santos de Kubrin,
conhecido por sua humildade e coração compassivo.
Diziam que sua casa era pequena, mas sua alma — vasta como o Céu.
Reunindo as poucas forças que lhe restavam,
o Tzadei Emes levantou-se e foi até ele,
não com soberba, mas com a dignidade silenciosa dos que confiam em Hashem.
Chegando à casa do Rav Pinchas, bateu suavemente à porta.
O Rav abriu e viu diante de si um jovem pálido, de olhos ardentes e roupa gasta,
mas cujo semblante irradiava pureza.
“Rebbi,” disse o Tzadei Emes com voz cansada,
“ouvi dizer que o senhor é homem de bondade.
Tenho fome… mas o que mais me dói é não ter onde estudar.”
O Rav Pinchas olhou para ele longamente,
e sem perguntar mais nada, respondeu apenas:
“Entra. Aqui ninguém pergunta quem tu és,
pois quem busca a Torah já se revelou.”
Deu-lhe pão, um quarto simples, e lugar na mesa do estudo.
Naquela casa, o Tzadei Emes reencontrou o sentido.
Ali, entre almas sinceras e corações limpos, a chama da Verdade reacendeu.
Às três da manhã, levantava-se para a mikveh,
e estudava com devoção até o nascer do sol.
Depois rezava com lágrimas e alegria —
não por ter encontrado abrigo,
mas por ter reencontrado a Shechiná que jamais o abandonara.
E dizia baixinho em suas preces:
“Bendito Aquele que me esconde dos olhos dos homens,
para que eu veja apenas a sua face.”
Foi nesse refúgio de santidade que começou o verdadeiro renascimento do Tzadei Emes.
Pois os justos não caem — apenas se ajoelham para beijar o pó do caminho que os leva ao Céu.
Seu discípulo fiel, Gabriel Gutferb, Talmid de Rav Pinchas descobriu a origem da difamação: o mesmo homem que o havia hospedado.
Quando contou isso ao Tzadik, este apenas respondeu com calma:
“Há homens que se parecem com tumbas: por fora, brancas e bem varridas;
mas por dentro, cheias de ossos e pó.
A verdade não precisa gritar — ela respira em silêncio até que o Céu fale por ela.”
O Tzadik tinha um casamento em Belz, durante o casamento, o Tzadei Emes cruzou o caminho de Rav Issachar Dov Weiss, seu conterrâneo.
Este havia ouvido os rumores e procurava evitá-lo — mas o destino dos justos não se esquiva.
Encontraram-se à mesa, e o Tzadei Emes o cumprimentou com paz e pureza.
Rav Weiss, ao ouvir-lhe o sotaque e a cadência da fala, empalideceu.
Disse em seu coração:
“Os goyim da minha cidade não falam assim. Há aqui algo que o mundo não entende.”
Mais tarde, após investigar com rabinos em São Paulo, tudo foi esclarecido:
O Tzadei Emes era Yehudi gamur, judeu completo, descendente dos justos de Kotzk.
Aparentemente o rumor havia caidd como pó levado pelo vento,
enquanto o nome do Tzadik se elevava como incenso diante do Trono.
Após algum tempo vivendo sob a proteção do Rav Pinchas Gutferb, estudando com humildade e firmeza, o Tzadei Emes começou a restabelecer sua saúde e força espiritual.
A chama da Torah reacendeu em seu coração, e a luz que emanava dele tornava evidente a pureza de sua alma.
O jovem chassid sentia que precisava de um guia maior para restaurar a verdade diante dos rabinos e da comunidade.
Rav Issachar Dov Weiss, que já o conhecia e compreendera a autenticidade do Tzadei Emes, o aconselhou:
“Vai até Rav Yirmiyahu Menachem Kohen, o Pariz Rov.
Ele conhece a linhagem de Kotzk, e certamente desejará conhecê-lo.
Confia, ele poderá esclarecer tudo.”
Rav Weiss conectou os dois por telefone, e o Pariz Rov respondeu prontamente:
“Quero conhecer este jovem. Que ele venha até mim.”
Quando o Tzadei Emes chegou à presença do Pariz Rov, não houve cerimônia nem pompa.
O jovem inclinou-se levemente, mostrando respeito, mas não havia medo ou vergonha.
O Rav Yirmiyahu Menachem Kohen não aceitou a história de imediato.
Solicitou documentos e provas: certidões, cartas de recomendação de grandes rabinos, incluindo o Kadosh Elyon Ha-Rav HaGaon Mordechai Yaacov Guersztein de São Paulo, Muran Ha-Rav Ruben Rosenberg, e outros líderes espirituais do Brasil.
O Tzadei Emes apresentou tudo com humildade.
O Pariz Rov analisou minuciosamente cada documento, cada selo, cada assinatura, revisando certidões e cartas com a atenção de quem conhece a santidade e a responsabilidade da linhagem que julga.
Após o estudo meticuloso, retirou-se ao seu escritório.
Ao retornar, trazia nas mãos algo que fez o coração do Tzadei Emes quase transbordar:
uma Carta de Ichut, comprovando sua linhagem sagrada até Adoineinu Moreinu VeRabeinu M’Kotzk Z”L.
O jovem sentiu uma emoção profunda.
O santo quase chorou — mas, como um verdadeiro Pilisher Yid, conteve-se.
Lembrou-se das palavras do Rebe:
“A oração com lágrimas é escutada,
mas aquele que tem vontade de chorar e se contém por falta de lágrimas, é mais forte.”
O Pariz Rov olhou para ele com alegria e exclamou:
“Um verdadeiro Kotzker Einikel!”
A partir daquele momento, o Tzadei Emes foi oficialmente reconhecido como herdeiro do fogo de Kotzk, e a calúnia não teve mais força para obscurecer sua santidade.
A luz que antes se escondia nas sombras das ruas de Jerusalém agora podia irradiar livremente, iluminando aqueles que buscavam a Verdade com o coração sincero.
Após o encontro inicial com o Pariz Rov, o Tzadei Emes foi levado por ele até Moreinu Ha-Kadosh, o Gaon Ha-Rav Moishe Branzdorfer, Av Beit Din de Meah Shearim.
O Tzadik levou consigo todos os documentos, bem como a carta de Ichut do Pariz Rov.
Ao entrarem no escritório do Rav Branzdorfer, tudo aconteceu com clareza e firmeza.
Também estava presente Rav Weiss e por casualidade uma cometiva de rabinos, Dayanim, de Whashington, como testemunha e facilitador, para assegurar que a verdade fosse plenamente revelada.
Para confirmar a autenticidade dos documentos e das cartas, telefonaram ao Rav Mordechai Yaacov Guersztein, de São Paulo, para verificar se os avós do Tzadei Emes eram realmente judeus e se as cartas apresentadas eram legítimas.
Isso se fez necessário, pois o Ger malvado havia espalhado a mentira de que as cartas eram falsas e que a família do jovem era idólatra.
Cada documento foi cuidadosamente revisado novamente.
O Rav Branzdorfer, homem de discernimento e temor do Céu, analisou tudo com atenção meticulosa, sem pressa, reconhecendo cada selo, cada assinatura, cada linha de prova da linhagem.
Ao concluir, o Rav Moishe Branzdorfer assinou a Carta de Ichut pessoalmente.
Com a autoridade de sua santidade e cargo, ele reconheceu oficialmente a linhagem pura e sagrada do Tzadei Emes, herdeiro do fogo espiritual de Kotzk.
Naquele momento, uma luz parecia preencher o escritório.
O Tzadei Emes, embora modesto e humilde, sentiu o peso da verdade sendo restaurada.
A mentira havia sido desfeita, e o mundo físico refletia a justiça do Céu:
a linhagem dos justos não poderia mais ser obscurecida.
O Pariz Rov, o Rav Moishe Branzdorfer e Rav Weiss estavam presentes, e o silêncio reverente falava mais que qualquer palavra.
A pureza da alma do Tzadei Emes, antes questionada e atacada, finalmente era reconhecida por aqueles que eram verdadeiros juízes da santidade.
Pois Hashem sempre guarda a chama dos justos, mesmo quando as sombras dos homens tentam sufocá-la.
E o fogo de Kotzk, que arde silencioso nos corações puros, jamais se apaga.
Após o reconhecimento oficial pelo Rav Moishe Branzdorfer, a comitiva presente fez uma fotografia de todos juntos — o Tzadei Emes, O Pariz Rov, Rav Weiss e Rav Branzdorfer.
A foto, junto com a Carta de Ichut, foi entregue a Rav Weiss, que a publicou para que todos soubessem a verdade e pudessem reconhecer a linhagem sagrada do Tzadei Emes.
Quando o Ger malvado soube da publicação, enfureceu-se.
Procurou o telefone do Pariz Rov e ligou, cheio de arrogância e audácia:
“Quem te deu autorização para escrever isso tudo?
Você deveria me perguntar antes!”
O Rav Yirmiyahu Menachem Kohen ouviu atentamente e respondeu com firmeza, sem sombra de medo:
“Eu não devo satisfação a ninguém.
Somente escrevi nesta carta a verdade.”
O Ger malvado não teve o que replicar.
A justiça estava feita, e a verdade da linhagem do Tzadei Emes havia sido restaurada diante de todos, por aqueles que eram os verdadeiros juízes da santidade.
Pois o justo permanece firme, mesmo diante da arrogância e da falsidade dos homens.
A verdade não depende da aprovação daqueles que vivem na sombra, mas brilha sozinha, como chama que nem o vento pode apagar.
Contam os chassidim de Belz que, anos após os eventos de reconhecimento da linhagem, o Ger malvado ainda continuava a espalhar mentiras sobre o Tzadei Emes.
Mesmo trabalhando como fotógrafo em Belz, dizia falsidades — que o Tzadik era convertido, que era homossexual, e outras calúnias para denegrir seu nome com Motzei Shem Rá.
Em um casamento, Rav Yeirmia Menachem Kohen estava presente, acompanhado de outros rabinos.
Ao ouvir que o mentiroso, aquele homem ousava aparecer ali, aproximou-se dele com três rabinos ao seu lado, com presença firme e voz clara:
“Nunca mais quero escutar o nome dele em sua boca mentirosa!
Se você pronunciar outra vez 'Morgenstern' para mal ou para bem, se fizer Lashon Hará ou pior — Motzei Shem Rá — sua conversão é inválida!”
O silêncio caiu imediatamente sobre o malvado.
E havia uma verdade que tornava sua insolência ainda mais absurda:
este homem fora convertido pelo Beit Din de Meah Shearim, o mesmo tribunal que havia reconhecido oficialmente que o Morgenstern era judeu e descendente do Rebe de Kotzk.
Portanto, ao tentar difamar o Tzadei Emes, ele estaria, na prática, contradizendo a própria autoridade que o havia convertido.
O homem ficou em silêncio absoluto.
A firmeza e a santidade do Rav Kohen, apoiada pela verdade e pela autoridade espiritual dos presentes, fez cessar de imediato qualquer intenção de calúnia.
Assim, a verdade do Tzadei Emes, herdeiro do fogo santo de Kotzk, permaneceu intacta.
Pois a Luz dos justos não se deixa abalar pelas sombras da falsidade.
E aqueles que tentam obscurecer a chama dos inocentes descobrem que a Providência Divina sustenta o justo e que a mentira jamais prevalece diante da santidade.
Que aqueles que abrirem este livro possam sentir o fogo da Chassidut de Kotzk, o ardor da Emet que não se curva diante de mentiras ou olhares humanos, e encontrem inspiração para realizar Teshuvá, purificar suas midot e servir a Hashem com um coração sincero e livre.
Diziam os antigos Chassidim de Kotzk que o fogo do Rebe não queimava corpos, mas ilusões.
Em seu olhar havia algo que nenhum homem conseguia suportar por muito tempo —
porque aquele que ousava encarar os olhos do Rebe de Kotzk via refletida a própria falsidade.
E não há dor mais aguda para o homem do que ver-se sem máscaras diante da Emet.
Em seu olhar havia algo que nenhum homem conseguia suportar por muito tempo —
porque aquele que ousava encarar os olhos do Rebe de Kotzk via refletida a própria falsidade.
E não há dor mais aguda para o homem do que ver-se sem máscaras diante da Emet.
O Rebe de Kotzk, Menachem Mendel Morgenstern, não buscava honra, nem discípulos, nem fama.
Buscava apenas a Verdade — ha’Emet ha’ne’emanah, a Verdade Fiel, que não se curva diante do mundo.
E quanto mais se aproximava dela, mais se afastava das criaturas.
Pois a luz da Emet é exigente:
ela não tolera disfarces, não adorna a mentira com santidade, e não suporta os ruídos do orgulho humano.
Buscava apenas a Verdade — ha’Emet ha’ne’emanah, a Verdade Fiel, que não se curva diante do mundo.
E quanto mais se aproximava dela, mais se afastava das criaturas.
Pois a luz da Emet é exigente:
ela não tolera disfarces, não adorna a mentira com santidade, e não suporta os ruídos do orgulho humano.
Assim passou o tempo até que o Rebe se retirou em silêncio, fechando-se em seu quarto por longos anos.
Alguns dizem dez, outros vinte — os números não importam,
pois o isolamento de Kotzk não se media em dias, mas em profundidade.
Ele não fugiu dos homens — fugiu da falsidade dos homens.
E quando seus chassidim batiam à porta, ele dizia:
“Eu não sou Rebe!” como quem diz, Que? buscais em mim o que deveis buscar dentro de vós?
Alguns dizem dez, outros vinte — os números não importam,
pois o isolamento de Kotzk não se media em dias, mas em profundidade.
Ele não fugiu dos homens — fugiu da falsidade dos homens.
E quando seus chassidim batiam à porta, ele dizia:
“Eu não sou Rebe!” como quem diz, Que? buscais em mim o que deveis buscar dentro de vós?
Era o grito da alma que não suportava a hipocrisia disfarçada de avodá.
Em Kotzk não se contentava com Rezas sem coração, com palavras da Torá em um caminho sem verdade,
com Chasidut que se alimenta de olhos.
Para ele, o serviço divino só tem sentido se for feito em completa Pinimiyut — interioridade.
Em Kotzk não se contentava com Rezas sem coração, com palavras da Torá em um caminho sem verdade,
com Chasidut que se alimenta de olhos.
Para ele, o serviço divino só tem sentido se for feito em completa Pinimiyut — interioridade.
E muitos se confundiram.
Pensaram que o Rebe enlouquecera, que havia rompido com o mundo.
Mas o que o mundo chama de loucura, o Céu chama de Fidelidade.
Seu sofrimento não era doença — era o amor da Verdade.
Pois quem ama a Emet com todo o coração sentira suas dores,
até que o próprio coração se torne o altar do sacrifício.
Pensaram que o Rebe enlouquecera, que havia rompido com o mundo.
Mas o que o mundo chama de loucura, o Céu chama de Fidelidade.
Seu sofrimento não era doença — era o amor da Verdade.
Pois quem ama a Emet com todo o coração sentira suas dores,
até que o próprio coração se torne o altar do sacrifício.
Dizem que, mesmo trancado, o Rebe continuava a ensinar —
com uma palavra breve, uma carta, um olhar —
e cada um que o via saía transformado, como se houvesse olhado para dentro do Kodesh Kodashim, o que transformou em Santuário a Casa do Rebe.
E o eco de sua dor moldou gerações:
os que vieram depois herdaram não apenas o nome,
mas o fogo secreto que consome a falsidade e purifica o interior.
com uma palavra breve, uma carta, um olhar —
e cada um que o via saía transformado, como se houvesse olhado para dentro do Kodesh Kodashim, o que transformou em Santuário a Casa do Rebe.
E o eco de sua dor moldou gerações:
os que vieram depois herdaram não apenas o nome,
mas o fogo secreto que consome a falsidade e purifica o interior.
O Tzadei Emet, descendente de Kotzk, carrega em si esse mesmo fogo —
a recusa de aceitar o mundo como ele é,
e a coragem de viver segundo o que é. O Rebe dizia — “Viu D’us que era bom” se o mundo é bom, é somento para enchugar as lagrimas de sofrimento e torcer como trapo.
a recusa de aceitar o mundo como ele é,
e a coragem de viver segundo o que é. O Rebe dizia — “Viu D’us que era bom” se o mundo é bom, é somento para enchugar as lagrimas de sofrimento e torcer como trapo.
A herança de Kotzk não é uma coroa de prata — é uma ferida sagrada.
Aquele que a carrega sente dor,
mas essa dor é o selo da autenticidade.
Aquele que a carrega sente dor,
mas essa dor é o selo da autenticidade.
O sofrimento do Rebe de Kotzk não foi em vão.
Ele cavou um caminho no deserto da alma,
para que seus descendentes pudessem passar por ele —
e encontrassem, no silêncio, o mesmo Emet que ele buscou em solidão.
Ele cavou um caminho no deserto da alma,
para que seus descendentes pudessem passar por ele —
e encontrassem, no silêncio, o mesmo Emet que ele buscou em solidão.
Pois há momentos em que servir a Hashem significa calar-se,
fechar a porta do mundo e abrir o coração diante d’Ele apenas.
E quando a lembrança toca a porta do coração, este se abre —
e a Tórah entra.
fechar a porta do mundo e abrir o coração diante d’Ele apenas.
E quando a lembrança toca a porta do coração, este se abre —
e a Tórah entra.
“eu não sou Rebe” ele dizia, essa recusa não era orgulho, mas misericórdia: ele sabia que a experiência da Emet não podia ser imposta. Cada um precisava sentir a Verdade em si mesmo, enfrentar seus próprios demônios e limpar o coração antes de aspirar à santidade. Assim explica o Tzadei Emet:
O Rebe não permitiria jamais que alguém o chamasse de Rabeino, caso isso não fosse de dentro da alma e verdadeiro diante dos Céus.
Os bachurim tinham o costume de chamar o Tzadik de “Rebe”, e ele lhes perguntou:
O Rebe não permitiria jamais que alguém o chamasse de Rabeino, caso isso não fosse de dentro da alma e verdadeiro diante dos Céus.
Os bachurim tinham o costume de chamar o Tzadik de “Rebe”, e ele lhes perguntou:
Se eu sou rebe, por que não me escutais?
Por que não seguis meus conselhos, e por que as minhas palavras parecem vaidades?
Rebe é aquele que leva nos ombros o peso de sua comunidade — Admu”r:
nosso senhor, nosso Rabino e nosso professor.
Por que não seguis meus conselhos, e por que as minhas palavras parecem vaidades?
Rebe é aquele que leva nos ombros o peso de sua comunidade — Admu”r:
nosso senhor, nosso Rabino e nosso professor.
Não chame de Rebe aquele cuja voz não move teu coração.
Pois Rebe não é quem fala — é aquele em cujas palavras tua alma reconhece e o som penetra nas entranhas de Am Israel.
Pois Rebe não é quem fala — é aquele em cujas palavras tua alma reconhece e o som penetra nas entranhas de Am Israel.
O sofrimento do nosso Rebe, Menachem Mendel Z”l, não era apenas físico ou emocional — era espiritual e existencial. Ele vivia uma tensão constante: amar o mundo, mas odiar a falsidade nele; buscar a perfeição, mas ver imperfeição em toda parte.
Essa tensão o moldou e o tornou uma figura única na história da Chassidut. Ele não se conformava com títulos, honras ou tradições vazias; buscava o que cada alma tinha de mais puro e essencial.
Essa tensão o moldou e o tornou uma figura única na história da Chassidut. Ele não se conformava com títulos, honras ou tradições vazias; buscava o que cada alma tinha de mais puro e essencial.
Mesmo em isolamento, o Rebe influenciou milhares de chassidim. Seus discípulos relatam que uma simples palavra ou olhar podia transformar vidas — pois Kotzk não falava ao corpo, falava à alma.
Ele ensinava que a verdade e a santidade exigem dor, porque a luz não entra sem quebrar a escuridão. O sofrimento de Kotzk, então, não foi em vão: ele plantou sementes que floresceriam gerações depois.
Ele ensinava que a verdade e a santidade exigem dor, porque a luz não entra sem quebrar a escuridão. O sofrimento de Kotzk, então, não foi em vão: ele plantou sementes que floresceriam gerações depois.
O Rebe de Kotzk mostrou que a Chassidut não é confortar os sentidos ou satisfazer a vaidade; é confrontar o ego, enfrentar a mentira e servir Hashem com Emet absoluta, custe o que custar.
E assim, mesmo depois de séculos, seu exemplo ressoa: quem deseja caminhar pela Verdade, mesmo entre zombarias, dúvidas e perseguições, segue os passos de Kotzk — passos que não deixam sombra, mas acendem luzes eternas! Porque, em Kotzk, a Verdade não é um conceito — é uma presença viva.
Ela arde. Ela exige. Ela purifica.
E dela aprendemos que não há servidão maior do que mentir para si mesmo,
e não há liberdade mais perfeita do que ser inteiro diante do Criador.
Ela arde. Ela exige. Ela purifica.
E dela aprendemos que não há servidão maior do que mentir para si mesmo,
e não há liberdade mais perfeita do que ser inteiro diante do Criador.
No Yahrzeit do Rebe Jacob Menachem Mendel Z”l, quinto Rebe de Kotzk-Sokolow, o Tzadei Emet reuniu-se com seus discípulos para um pequeno Tish, uma reunião de Nigunim e Divrei Emet o que o Chabad chamaria de Farbregen, em homenagem à alma do Rebe Zichronon Levracha, vítima dos nazistas durante a invasão da Polônia.
Ao saber da aproximação dos invasores, o Rebe Jacob Mendel, que servia como Av Beit Din em Wrogov, planejou salvar a Torá que guardava como tesouro da alma de seu povo, dizem ter sido encomendada pelo próprio Antigo Rebe de Kotzk que os Chassidim chamam de Ha Surif M’Kotzk, o amargo de Kotzk, enrolou o Sefer Torah em seu corpo e vestiu seu Bekishe, tentando escapar despercebido. Mas já era tarde. Os nazistas haviam conquistado rapidamente toda a faixa ocidental da Polônia, avançando em direção à Rússia, caçando judeus e exterminando comunidades inteiras antes mesmo que pudessem fugir nos trens para os campos de concentração.
Quando os soldados chegaram ao Shul de Kotzk, exigindo que todos saíssem, o Rebe estava preparado para enfrentar o pior. Para ele, a Torá era seu escudo; se não neste mundo, seria no Mundo Vindouro.
Um oficial nazista, frio e arrogante, perguntou:
— Onde está o Rabino de vocês?
— Onde está o Rabino de vocês?
Não houve respostas. Mas o Rebe, com coragem silenciosa, deu um passo à frente. Sua fé, sua santidade e seu amor pela Torá não podiam ser escondidos. Os nazistas o fuzilaram ali, junto com seus santos Chassidim. Toda a comunidade de Wrogov foi exterminada naquele instante.
O Rebe Jacob Menachem Mendel Z”l e seus discípulos se tornaram Korbanot, oferendas santas, para expiar os pecados do mundo e iluminar a alma de Israel. Seu sacrifício permanece como testemunho eterno: mesmo diante do mal absoluto, a Verdade e a Torá não foram abandonadas. O Tzadei Emet, naquele momento, falou aos corações presentes que este foi o sofrimento da nossa Kehila em Wrogov, na Polonia, ninguém jamais explicará, ninguém jamais entendera este mistério, muitos tentaram e falharam, eu digo, nossas lagrimas não seriam suficientes e cada mulher deveria chorar quando ao acender as velas de Shabbat, o mérito de acendê-las eleva a alma de todos nestes esquecidos lugares da Polonia e Europa.
O nosso Rebe é como centelhas de fogo no carvão —
por fora, cinza obscuro e silencioso,
mas quem se aproxima com pureza sente no peito o calor da sua Torá.
Não há coroa sobre sua cabeça,
apenas o peso das almas que o Céu lhe confiou.
por fora, cinza obscuro e silencioso,
mas quem se aproxima com pureza sente no peito o calor da sua Torá.
Não há coroa sobre sua cabeça,
apenas o peso das almas que o Céu lhe confiou.
Assim se referiam os Tzadikim ao Rebe de Kotzk, “Schwartzer Mendel” O negro Mendel, o que fazia referência ao seu modo humilde e semblante cerrado, rosto que se podia ver a Malchut, como os Chassidim diziam sobre ele “ele veste humildade e temor aos céus”.
O nosso movimento surgiu através do Baal Shem Tov.
Então, para entender o que é um Rebe, precisamos conhecer o nosso Besht Rebe — o melhor Rebe, o Rebe dos Rebes.
Ele foi o que começou, o que abriu a porta.
Eu vou explicar assim:
Então, para entender o que é um Rebe, precisamos conhecer o nosso Besht Rebe — o melhor Rebe, o Rebe dos Rebes.
Ele foi o que começou, o que abriu a porta.
Eu vou explicar assim:
O Baal Shem Tov — acrônimo ב'ש'ט (Besht) — em Yidish significa “o Melhor”.
Ele foi o médico de sua geração; mas não apenas médico do corpo, como um curandeiro — ele foi mais do que isso: foi o doutor da alma. Como se vestem os médicos?
Eles usam uma roupa parecida com um Bekishe, porém branca e simples. Também calçam sapatos brancos e vestem calças da mesma cor, transmitindo uma pureza quase exagerada. É intencional — querem mostrar ao paciente que pertencem a um domínio mais elevado, um lugar onde o erro e a impureza não têm morada.
O branco os torna “intocáveis”; e o doente, ao vê-los assim, sente-se pequeno e, ao mesmo tempo, confiante — como quem se aproxima de uma força que pode restaurar sua vida.
Ele foi o médico de sua geração; mas não apenas médico do corpo, como um curandeiro — ele foi mais do que isso: foi o doutor da alma. Como se vestem os médicos?
Eles usam uma roupa parecida com um Bekishe, porém branca e simples. Também calçam sapatos brancos e vestem calças da mesma cor, transmitindo uma pureza quase exagerada. É intencional — querem mostrar ao paciente que pertencem a um domínio mais elevado, um lugar onde o erro e a impureza não têm morada.
O branco os torna “intocáveis”; e o doente, ao vê-los assim, sente-se pequeno e, ao mesmo tempo, confiante — como quem se aproxima de uma força que pode restaurar sua vida.
E o paciente, como se veste?
Também recebe roupas brancas, porém mais leves, eles tiram todas suas antigas vestimentas, pesadas e sujas e o deixam quase como se estivesse nu. Mesmo que o frio do corpo se faça sentir, essas vestes leves simbolizam a vulnerabilidade, a fragilidade da vida, a dependência absoluta da misericórdia e do cuidado. Ele é colocado em camas quentes, acolhido e protegido, para que sinta segurança e confiança. Só assim sua alma pode se abrir e aceitar o tratamento que precisa.
Também recebe roupas brancas, porém mais leves, eles tiram todas suas antigas vestimentas, pesadas e sujas e o deixam quase como se estivesse nu. Mesmo que o frio do corpo se faça sentir, essas vestes leves simbolizam a vulnerabilidade, a fragilidade da vida, a dependência absoluta da misericórdia e do cuidado. Ele é colocado em camas quentes, acolhido e protegido, para que sinta segurança e confiança. Só assim sua alma pode se abrir e aceitar o tratamento que precisa.
Porque, veja bem, quem não reconhece que está doente não aceitará remédio algum. Aquele que nega sua enfermidade, seja do corpo ou da alma, rejeita o próprio caminho da cura.
Quando o paciente vê diante de si alguém vestido de branco, autoridade e auxílio reunidos em uma só imagem, algo desperta no coração: o reconhecimento da verdade, a aceitação da condição, o abandono do orgulho e da ilusão.
Quando o paciente vê diante de si alguém vestido de branco, autoridade e auxílio reunidos em uma só imagem, algo desperta no coração: o reconhecimento da verdade, a aceitação da condição, o abandono do orgulho e da ilusão.
Assim também na alma: o coração que se recusa a admitir suas falhas não se deixa curar. Mas quando surge diante dele a “luz branca” — um guia, uma palavra, uma presença de pureza e verdade — ele se rende, e a Torá, o remédio da alma, pode penetrar e restaurar.
O branco, então, não é apenas vestimenta. É revelação: a clareza da humildade, a aceitação da verdade, o caminho da cura que só se revela quando se admite a própria necessidade. Na Chassidut, os Chassidim são os pacientes, e o Rebe é o Médico. É por isso que usamos o Bekishe, ligeiramente diferente, não para ostentar beleza ou distinção, mas para nos lembrar de que estamos doentes. Estas são nossas vestes: roupas de enfermos, sinal de fragilidade e necessidade de cura — não apenas do corpo, mas também da alma.
O branco, então, não é apenas vestimenta. É revelação: a clareza da humildade, a aceitação da verdade, o caminho da cura que só se revela quando se admite a própria necessidade. Na Chassidut, os Chassidim são os pacientes, e o Rebe é o Médico. É por isso que usamos o Bekishe, ligeiramente diferente, não para ostentar beleza ou distinção, mas para nos lembrar de que estamos doentes. Estas são nossas vestes: roupas de enfermos, sinal de fragilidade e necessidade de cura — não apenas do corpo, mas também da alma.
Aquele que acredita que veste essas roupas para parecer bem, elegante ou respeitável, está profundamente equivocado. É o paciente que se acostumou com suas fraquezas, que se apegou ao hospital e à enfermidade. Que D’us nos livre de tal ilusão! A verdadeira vestimenta do Chassid é sinal de humildade e consciência da própria fragilidade, um lembrete constante de que precisamos do Médico Celestial e do caminho da Emunah para nos curar completamente.
Na época do Rambam e do Baal Shem Tov, os médicos eram estudiosos dedicados, verdadeiros servos do bem, trabalhando por amor à vida e à cura. Quase não recebiam pagamento, fabricavam seus próprios remédios e usavam os tesouros dos ricos para curar os necessitados. Aos pobres, ofereciam atendimento gratuito, sem buscar vantagem pessoal. Assim também o Santo Baal Shem Tov se tornou o Médico de seu povo — o Moshe Rabeino de sua geração — curando corpo e alma com mãos puras, sem interesses, com dedicação absoluta à Emunah e à santidade.
A pureza da Kedusha se manifesta em branco, transparente, clara, sem mancha. Assim é a Torá: luz que revela a verdade, que cura e não seduz com aparências. Mas, com o passar das gerações, surgiram médicos que desviaram-se desse caminho santo. Alguns passaram a manipular remédios, aproveitando-se da necessidade do doente, prolongando enfermidades, criando dependência, lucrando com fraqueza alheia. Quando a cura seria rápida, reduziam a dose para que o paciente precisasse retornar; quando a cura lenta era necessária, aumentavam as doses, criando novos problemas.
E assim também surgiram falsos Tzadikim, “Rebe” de aparência santa, mas cuja santidade era apenas fachada. Esav vestidos de Tzadik, disfarçados com grandes shtreimels e roupas brancas, escondendo o orgulho, a vaidade e o engano por trás da Torá. Alguns ofereciam doses excessivas, criando fanatismo e religiosidade superficial; outros ofereciam doses insuficientes, gerando dependência emocional e servidão espiritual, prendendo seguidores à própria figura, Chaz veShalom. Mas não é de hoje que o branco é sinal de pureza e serviço. O cuidado jamais é suficiente quando se trata de Gavá, orgulho, arrogância e ego exagerado. Mesmo quando buscamos curar e ajudar os outros — afinal, este é o trabalho da Chassidut — devemos caminhar com extremo cuidado e temor.
Assim também os Kohanim no Beit HaMikdash se vestiam de branco — túnicas simples, sem adornos, sem ouro, sem cor. Porque diante do Santo, bendito seja, não se entra com vaidade. O ouro lembra o pecado do bezerro; o branco lembra o perdão.
O Kohen que se apresentava no Heichal com suas vestes brancas representava a alma que se despiu de toda mentira e se fez transparente diante do Criador.
O Kohen que se apresentava no Heichal com suas vestes brancas representava a alma que se despiu de toda mentira e se fez transparente diante do Criador.
E quando o Kohen Gadol entrava no Kodesh HaKodashim, o Santo dos Santos, no dia de Yom Kipur, ele deixava de lado até mesmo suas roupas de glória — vestia apenas o branco da verdade.
Pois naquele momento ele não representava apenas Israel, mas a própria possibilidade da Teshuvá, o retorno à pureza primordial.
Pois naquele momento ele não representava apenas Israel, mas a própria possibilidade da Teshuvá, o retorno à pureza primordial.
Este foi o sinal de que também aquele que busca curar — seja o corpo, seja a alma — deve vestir-se de branco por dentro, não de pano, mas de intenção.
A vestimenta física é apenas um reflexo da luz interior.
O verdadeiro branco não é o que cobre o corpo, mas o que envolve o coração que serve a Hashem com Emet. a aparência nunca revela a verdade do Tzadik. O peso da santidade está na pureza da alma e nas ações, na cura que desperta a luz interior, no temor a Hashem que fortalece e purifica o povo Israel. Quem manipula a Torá, quem cria dependência, quem usa o manto da santidade para seduzir ou dominar, está longe da verdadeira Chassidut. É necessário cuidado extremo, discernimento e temor do Céu para não cair no engano de belas palavras, roupas brancas ou gestos majestosos.
A vestimenta física é apenas um reflexo da luz interior.
O verdadeiro branco não é o que cobre o corpo, mas o que envolve o coração que serve a Hashem com Emet. a aparência nunca revela a verdade do Tzadik. O peso da santidade está na pureza da alma e nas ações, na cura que desperta a luz interior, no temor a Hashem que fortalece e purifica o povo Israel. Quem manipula a Torá, quem cria dependência, quem usa o manto da santidade para seduzir ou dominar, está longe da verdadeira Chassidut. É necessário cuidado extremo, discernimento e temor do Céu para não cair no engano de belas palavras, roupas brancas ou gestos majestosos.
A santidade não se mede por aparência, mas pelo efeito que gera na alma. Um verdadeiro Tzadik desperta, fortalece, ilumina. Um falso Tzadik seduz, subjuga e manipula. E o mundo está cheio daqueles que, atrás de aparente luz, escondem trevas! Portanto, todo aquele que busca a Torá Ha-Kedusha deve se aproximar com temor a D’us, com coração vigilante e espírito alerta, reconhecendo que a verdadeira cura — espiritual e moral — exige estudo da Torá, disciplina e absoluta fidelidade à Emet. Quem não discernir corretamente pode ser levado ao caminho da ilusão, da servidão do Yetzer Ha-rá que nem se quer é dele, e sim de um manipulador de massas, Chaz veShalom! É como um carro percorrendo uma estrada à noite: o motorista só vê o que o seu fraco farol ilumina. Quando avista outro veículo vindo em direção contrária, coloca atenção, mas a escuridão não deixa distinguir sua forma — apenas a luz intensa que brilha à distância. Não se sabe o tamanho, nem a natureza do veículo. E é aí que mora o perigo: o lado obscuro se esconde atrás da luz, e as sombras fogem diante dela, ocultando sua verdadeira dimensão.
Assim também acontece com os falsos Tzadikim. Eles agarram luz e a adornam, colocando pequenas verdades como luminárias, enquanto escondem atrás delas um grande carregamento de tumáh. Por isso, cuidado com muita luz superficial e pouca luz interior: sem Midot puras, sem Ahavat Israel verdadeira, a luz não é guia, mas ilusão. Por trás desse teatro, estão aqueles que manipulam e usam o brilho para enganar. Que Chaz veShalom nos livre de tais armadilhas! Pois a verdadeira luz não é apenas aparente; ela arde de dentro, purificando e iluminando com sinceridade, tocando corações com a força da verdade e da santidade. A luz do nosso farol, que ilumina o caminho na escuridão, é a Torá. Assim como na estrada à noite, quem dirige com um farol forte consegue ver além da luz do outro veículo e distinguir o que está escondido atrás — sabe o que é verdade e o que é ilusão.
Da mesma forma, o estudo intensivo da Torá nos permite discernir a falsidade que se esconde por trás de brilhos superficiais, de palavras sedutoras e de aparências enganosas. Quanto mais intensa e firme for a luz que carregamos dentro de nós — através do estudo, das Mitsvot e do aperfeiçoamento das Midot — mais capaz seremos de perceber a realidade oculta e caminhar com segurança no mundo, sem nos perder diante de falsos líderes ou luzes enganadoras.

